domingo, 24 de junho de 2018

onde eu moro?

Apesar do passado de encontros, de rodoviárias que as namoradas me esperaram, eu ainda tenho um futuro irrestrito, um caminho longo na rua de trás ou em outra galáxia, tipo aqueles exercícios de completar linhas pontilhadas.
Tem sempre aquela hora que eu penso se vou me jogar no guichê da rodoviária ou fechar a janela de conversa. O Renan comentou que eu nunca falo dos barcos quando falo do mar, mas é que eu não tenho casa, eu tenho movimento, vou onde as meninas levam minha maré, até elas me arrebentarem.
É no peito que o mar arrebenta em mim (tipo a tatuagem da Bianca).
E nesse caminho pontilhado, reticente, eu sei que posso me ouvir e não quero esquecer isso. Que eu posso dividir meu rebento com as pessoas que também se arrebentaram.
E fica todo mundo fazendo carinho no meu machucado enquanto eu falo de um remédio que também pode ajudar o outro.
Dividir amor e todas as suas dores, dividir água, café e travesseiro. Melhor, sorrir em meio a tempestade, dividir sorriso em dias nublados.
Ouvir e comentar ou só ouvir. Ouvir de dentro pra fora.
Porque abandono dói, mas é bonito em sua totalidade, só não se deixa abandonar,  quando todo mundo se despede quem fica sou eu, meu nome sem apelido.
E se eu me esqueço de mim, esqueço do amor pra completar meu mapa pontilhado.
Meu mapa astrológico onde eu justifico com a vênus em touro o porquê de demorar tanto pra parar de doer.