domingo, 29 de outubro de 2017

textura de domingo

Você tem esse teu jeito de sumir, de se mesclar entre texturas dos dias de domingo.
Tem domingo que se aninha em meus braços e colo, outros que me mostra mundos e tem esses, os mais demorados, que você some.
Se esconde entre afazeres e falta do que fazer e deixa meu celular vazio. Conto até 10, mas não te procuro, espero que entre um esconderijo ou outro venha sua vontade de fazer xixi e me mandar qualquer mensagem sobre como o tempo fechou, feito a porta que você não abriu para mim, a chave que você nunca me deu.
E eu tenho esse jeito todo meu. De sentir medo do que está ausente, medo das garantias que eu nunca vou ter, corro para o caderno mais próximo e descarrego toda a poesia presa, intensa e guardada, dos dias de sol ou aqueles que você mora em mim com a porta escancarada.

koba disse que quando a gente tá amando é difícil escrever com frequência.

É que quando a gente tá amando é difícil fazer qualquer coisa (sem a pessoa) com frequência

da um puta medo né?
esse lance todo que tá acontecendo e a gente solto, largado.
encontrei amigos no metrô essa semana.
Tá todo mundo sentindo, todo mundo carregando coisa maior que o copo de breja nas mãos.
Todo mundo com medo, acuado, mas a gente continua seguindo, andando em fila indiana na escada rolante, furando catraca e conferindo o relógio.
E tenho apenas 15 minutos para acabar o almoço.
Meu pai disse para aguentar firme e confiar em deus.
Minha mãe me deu cadernos de presente
"tó bota pra fora esse choro preso nas linhas de metrô"
De noite eu me abraço na cama, "dormir é só fechar os olhos e relaxar"
mas meu pulso tá preso, meus dedos não se largam e dói acordar na madrugada
eu to engasgada
mas não posso dizer, quero mentir para mim mesma
"vai, ana, você é forte"
puta que pariu, gente,  não sou mais.
sou sensível demais para tudo isso.