domingo, 18 de agosto de 2013

Carta ao Dinamite.

Meu amigo, sinto sua falta, mas a minha vida está muito mudada, as coisas se bagunçaram e se arrumaram, mas não há certezas.
A única certeza é que agora você sorrirá no canto da boca pensando que "isso não é desculpa". E você está certo, eu odeio admitir, mas está.
Não há desculpa pelo meu sumiço. Me falta inspiração, eu sempre te falei da minha falta de inspiração no meio da confusão. Só consigo me dedicar quando curto a marola da onda que já passou e se prepara para devastar outros pontos em tempos nada distantes.
Talvez seja por isso minha deficiência em terminar coisas que começo.
Está tudo bem, mas tudo apreensivo, ela voltou, mas não por inteiro. Tenho um emprego, mas é temporário. Tenho ideias, mas raramente consigo escrevê-las. As vezes nem consigo vê-las.
Estabilidade é questão de tempo e talvez não seja isso que me aflige.
Ando na fase em que o amor dela é quase tudo que me move, um medo de perder que me faz perder.
Estou rindo porque consigo te ver rindo de tudo isso, tentando me mostrar (e sabendo que só eu vou perceber) que isso é falta de amor próprio.
Falta de felicidade é depositar a felicidade no outro. Tristeza, né?

  "O problema com os mortos é que você acaba sendo considerado um crápula se não romantizá-los, mas a verdade é...complicada, acho(...) Gostava de achar que a Caroline tinha me escolhido como uma única pessoa no mundo que não ia odiar, e assim nós passávamos o tempo todo tirando sarro com cara dos outros, sabe? (...) Então lá estava aquela menina sem um quinto do cérebro e que acabara de ter uma recorrência do Tumor dos Imbecis, e ela era o protótipo do heroísmo estoico de criança com câncer. Ela era... quer dizer, para dizer a verdade, ela era uma megera. Mas não dá pra dizer isso, porque ela carregava aquele tumor e também porque ela está morta. Ela tinha motivos para ser desagradável, sabe?" ( A Culpa é das Estrelas, Página 159)

Nada faz sentido, então tudo é sentido.
Sinto tanto por tudo, sinto por não conseguir escrever regularmente e por depositar toda a minha calma em algo que não se acalma.
Por vezes, amigo, penso na morte como um caminho para acalmar, mas não tenho coragem, então penso em doenças, em "meios caminhos andados" os quais posso me isentar de qualquer culpa.
Não gosto de escrever cartas tristes, mas as cartas são feitas para grandes acontecimentos.
E o que acontece é confusão pesando para tristeza, então te deixo com a minha falta de felicidade. Sou ingrata, eu sei.

Abraço para quem sempre me abraça.

Me responda, Dinamite! Mal posso esperar por sua longa carta me dando broncas.

Dinamite, você é meu dinamito.