segunda-feira, 27 de maio de 2013

Movimento do amor

Mais essa que você me fez enxergar, mais esse momento que a gente passou junto.  Mais uma vez você perdoa, você se doa.
A gente passou de novo por essa lama que nos atola de tempos em tempos. Aquilo que as pessoas chamam de crise. E que eu até chamaria, mas prefiro chamar de crescimento.
Esse movimento que somos obrigadas a passar, para ficarmos juntas, e todos esses meses e anos, e todas mudanças, idades e nós duas.  Sempre nós duas, todo resto passa e fica, mas a gente continua, muda desnuda no agora e talvez até o fim. Desnuda na alma que por pouco não muda, transforma.
E é por isso que eu sei que as coisas são fases, eles passarão, você passarinha. Minha.
Meu lar, quase tão físico como psicológico, do pra sempre a gente já passou.
Somos eternidade morando em qualquer cidade.

terça-feira, 14 de maio de 2013

O que não me mata, desfavorece.

Não me venham com essa de que o amor mata. Se matasse você não estaria vivo para contar, se lamentar reclamar e quase (eu disse quase) morrer. O amor não mata, ela deixa vivo para sentir mais ainda. O amor não mata ele é ainda mais difícil que isso.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Nada deu certo então tudo deu certo.

Se não fosse o meu signo ariano ou aquela história que faz mais de 2 anos.
E todas as memórias de 22 anos não seria eu.
Se não fossem todas as dores e o medo do medo que eu guardo em segredo não seria eu.
Se não fosse o amor de mãe que ela soube traduzir e amor de pai que insisto em resistir não seria eu. Se não fosse o amor do meu irmão que não sabe me dizer não e o amor das minhas tias intenso como o de amigas não seria eu. Se não fosse o colégio de freiras e o certo descaso que me fez passar direto na faculdade e encontrar meu espaço de um só jeito não seria eu.
Se não fossem todas os porres e se eu parasse no primeiro gole não seria eu.
Se não fosse o Dinamite. E essa mania de ler Nietzsche não seria eu.
Se não fosse a Fernanda Young, as chiquitas, a Carol e Malu, os amigos do prédio e também do colégio não seria eu. Se não fosse o Harry Potter e a televisão. E essa mania de querer fazer os outros rirem. Se não fosse Santos, todos os dogs e a mania dela de não desistir de mim não seria eu. Se não fosse Bia e até a Mariana. Se não fossem minha avó que já foi embora e o jeito dela de cuidar de mim não seria eu. E se tudo isso desse certo não seria eu.
Se não fossem as sardas, os piercings, a tatuagem e as minhas roupas não seria eu. Se eu não tivesse me assumido gay e insistisse em não acreditar em Deus não seria eu.
Se não fossem todas as meninas e todos os meninos, o Cazuza e o mês de Abril não seria eu.
Se não fossem as brincadeiras do meu pai e os livros da minha mãe e se eles continuassem juntos também não seria eu.
Se o Yan não fosse para a Bahia no auge da nossa infância não seria eu. E todos os choros, o medo de escuro e de achar que o mundo é um pesadelo não seria eu.
E essa melancolia que atua na ironia, o medo de barata e o olho esquerdo que é meio vesgo, não seria eu.
Se não fosse o Tarzan e o 101 Dálmatas não seria eu.
E se não fossem essas lágrimas na hora de escrever isso, definitivamente, não seria eu.

Ps: Esse texto é inspirado na música Capitão Gancho - Clarice Falcão Vale a pena ouvir.




quinta-feira, 2 de maio de 2013

Sabia que tinha alguma coisa fora do lugar em mim. Eu era uma soma de todos os erros: bebia, era preguiçoso, não tinha um Deus, ideias, ideais, nem me preocupava com política. Eu estava ancorado no nada, uma espécie de não-ser. E aceitava isso.

Eu sou umas quinhentas pessoas ou até mais. Na verdade, muito mais. Na minha cama junto com a minha alma deitam-se muitas outras almas despedaçadas, dias inteiros, estações e erros. E eu sou tudo isso.  Sou velha, criança, inteligente e anta. Você nunca vai saber com quem está conversando ou com qual se deita. Mas eu te prometo que, se deitarmos na cama eu vou te entregar pelo menos uma de mim e correr todos os riscos que a gente está correndo. Nesse pra sempre que já não é tão sempre. Desde agora ou só agora, peço que a gente esqueça de se iludir, vivamos um dia de cada vez com todos os pés no chão. Eu também tenho um lado ruim, mau, que tento ao máximo esconder do mundo e principalmente e até somente de você. As vezes eu não consigo segurar, não sou santa, nem sirvo de exemplo, infelizmente sou humana. Sou Ana. Várias Anas e Luisas e até coisas sem nome. Entre tudo isso, um dia me descubro e por isso não me cubro. E como eu sempre penso, mas nunca te disse te conquista que assim você me conquista.