domingo, 27 de outubro de 2013

despertador.

Clube da luta emocional.
A vida essa eterna dor no esôfago.
Essa girafa que vai da mente ao pé.
Coração, cérebro. Dores e mais dores.
Dias inteiros me carregando vazia.
Desculpe, meus amigos, mas não consigo oferecer nada de bom.
Esse talvez não seja mais o meu mundo. Dormir sempre foi o jeito perfeito para se esquecer/esconder das dores, culpas, medos, traumas e esôfago.
Imaginem dormir para sempre?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

"Há quem diga que todas as noites são de sonhos."

Há quem diga que a gente morre e nasce sozinho, eu discordo.

A gente morre em um acordo
depois de um acorde,
não acorda.

Morrer é sonhar para sempre, é dormir pelo mundo.

Mas quem morre, deixa alma, deixa lembranças, deixa manchas em outras vidas.
E quando a gente morre leva toda a influência que teve no mundo com a gente.

Até nascer de novo.

Por isso não nasce nem morre sozinho.

Mesmo assim, concordo que é difícil viver sozinho.
O meio é sempre mais difícil que o começo e o fim, mas o meio do fim é mais difícil do que viver qualquer coisa.

O meio do fim é quando já se sabe que está no fim, mas ainda o vive porque está preso as lembranças, porque está preso pela alma.
Comparado a uma narrativa, o meio do fim é o clímax.
Comparado a um gráfico, o meio do fim é o maior ponto, em que o gráfico para de subir e começa a descer.
O meio do fim é aquela parte das músicas que vem depois das estrofes e antes do refrão final.
O último beijo, a última noite, mas não o último dia.
Não é "oi" nem "tchau" é o "por que?".
O meio do fim é o motivo do fim.
Já não chora, mas também não sorri.

"Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te."



terça-feira, 15 de outubro de 2013

Mergulho. Me orgulho.

Sofrer de amor é como pular em uma piscina, lago, rio ou mar com profundidade grande.
Você deixa a gravidade levar seu corpo (porque não tem controle) até o fundo, onde seus pés encostam no chão.
Nesses segundos você pode escolher se, com o toque, quer pegar impulso e subir ou afundar de vez.
Se sobe, consegue chegar até a superfície onde volta a respirar e pode continuar a nadar.
Se afunda, uma hora seu corpo acaba subindo sozinho, mas você pode já estar morto.

Eu escolhi, por impulso, pegar impulso.

domingo, 13 de outubro de 2013

Eu quero um amor desses de cinema...


Eu quis.
Mas só tinha pipoca.

eu escolhia de um jeito doce, pipoca doce.
Ela salgada, sem sal.

E no fim ela sempre saía satisfeita.

e eu toda suja, lambuzada, com pipoca na camiseta.
e com sede.

sede de um pouco mais daquela nossa rede.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Daqui pra frente.


Nós não vamos mais nos beijar. Eu não vou mais tirar fotos suas e nem te irritar olhando fixamente para você enquanto estiver concentrada em outra coisa. Eu também não vou mais sair do banho dançando enquanto você me observa rindo até você ficar brava e me mandar fechar a janela.
Você não vai mais me deixar deitar no seu colo pelo interesse de tirar os meus cravos enquanto eu reclamo daquela dorzinha que é tão pequena perto da que eu tenho hoje.
Nós não vamos mais passar tardes assistindo séries, filmes ou jogo do Palmeiras e você não vai mais reclamar porque as vezes eu durmo no meio da exibição.  Eu não vou mais acordar sem querer de madrugada e te dar um selo antes de dormir de novo. E nem você me dar um antes de trabalhar enquanto eu estou mole de sono.
Você nem vai mais precisar pedir para eu colocar o chinelo.
Não vamos mais trocar mensagens de "bom dia"e nem "boa noite"seguidos por adjetivos cheios de amor.
Não vamos mais discutir para ver quem vai apagar a luz e eu não vou mais te pedir para pegar água.
Não vamos mais engordar juntas e nem fazer planos para emagrecer.
Até porque nossos planos não vão se concretizar.
Tudo isso poderia acontecer de novo, mas não vai, porque acabou.
Acabou, o verbo da dor que não cabe "re"como prefixo.
Dói proporcionalmente ao bem que fez.

***

E, fatalmente,  depois de um tempo vamos nos encontrar em um fim de tarde no metrô lotado. E eu vou perguntar dos seus cachorros, você vai falar da minha maturidade. Vamos comentar sobre trabalho, mas eu vou precisar descer no Tucuruvi  e você no Jabaquara. E a gente vai perceber (de novo) que a nossa distância não está só em lados opostos do metrô.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Não ultrapasse a linha amarela.

A superioridade com que ela sempre me conduziu. Aquelas bolas pretas, como jabuticabas, que são os olhos dela. Uma das coisas que sempre me enfeitiçou.
Lembro até que ela me ensinou a comer Jabuticaba na nossa última tarde junto.
Lembro como quase todo argumento meu era quebrado pela autoridade da voz dela. Como aquele video que ela diz "Luisa". Meu nome, mas que poucas vezes a gente se chamava pelo nome. De repente nossos nomes se tornaram apelidos, se tornaram como o amor. Que se constrói quando se convive, quando se vive.
E então ou talvez por tudo isso quando ela me mandava não ultrapassar a linha amarela, eu não ultrapassava. Até um dia que eu ultrapassei em um surto de desobediência, tentando uma brincadeira sem graça e que acabou para sempre com a nossa graça. E todo o nosso legado nunca foi o mesmo. E nunca mais será.
E todas essas lembranças que você me deu, até o simples ato de olhar na janela me maltrata, porque eu lembro quando você vinha e eu te via descer as escadas, arrumando os cabelos e linda. E de como você beijava minha nuca antes da gente dormir e me fazia cócegas. E a gente ria dos dogs e da vida.
Lembro do cheiro da sua roupa e de como eu gostava do cheiro de quando a gente acordava. O cheiro do nosso suor de sono que se misturavam. Lembro de acordar com dores no pescoço porque a gente preferia dormir entrelaçadas do que dormir bem.
Eu gostaria que a gente pudesse ter feito alguma coisa, que a gente tivesse provado nosso heroísmo contra o fim do amor. Queria que a gente percebesse que não importa o que seja não seria o fim.
Apesar de que no final alguma coisa acabe matando, que a gente poderia sobreviver a tudo exceto a última coisa que nos mata.
Mata a alma sem arma.