terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Feliz ano novo

Eu descubro a cada ano como é viver. Viver é amar e (se) foder.
Arder, brigar, beijar, abraçar, escutar e falar falar falar e falar.
Viver é se decepcionar só por viver. Conquistar e perceber que não conquistou foi nada. Que eu sou o mesmo vazio desde o começo. A única coisa que fica é o lembrar, o aprender e a dor.  A dor não é tão passageira quanto o verbo doer.
Viver é juntar todos os verbos dentro da gente, é ter medo do escuro e pedir para alguém deixar a porta aberta e a luz acesa.
Não responder porque esperava uma pergunta melhor. Viver devia ser melhorar. Talvez eu não consiga, porque viver e crescer é falhar, é se doer, chorar muito e errar.
Acontecer é aquilo e pronto, só da para carregar mesmo igual mochila pesada que a gente já levou e não pode abandonar.
Viver é abandonar e ser abandonado. Presta atenção: ser abandonado. Não vai ter o que fazer e não há ser humano que aprenda a viver com abandono, seja da mãe, do pai ou de alguém que ama como amor romântico. E todas as outras coisas que nos deixam pelo caminho como mochila vazia.
Viver é deitar para dormir e sonhar. Acordar para a vida e desejar ficar nos sonhos. Ou fugir, fugir do medo de encarar sem entender que fugir já é enfrentar só que para o lado oposto.
Viver é dormir mal, acordar de ressaca e se apaixonar por quem a gente não queria.
Viver é fazer amigos e perdê-los também. Fazer mal e querer bem.
Viver é não saber dançar a dança dos outros e dormir sozinha no chão do quarto. Viver é rodar pelo mundo e por todo mundo. Girar a cabeça e esquecer.
Transar e esquecer nomes. Beber demais. Chapar e se cansar.
Eu estou tão cansada, eu ando cansada. A gente cansa da gente mesmo, cansa do tempo que ao mesmo tempo que passa rápido ele não passa nunca.
Viver é querer morrer sem saber o peso disso. Viver é aceitar mortes, mesmo que seja do seu cachorro e melhor amigo.
Viver é sentir. Meu deus, como eu sinto. Eu sinto tanta gente, tanta coisa, tanto medo, tanta coragem, tanto gosto e cheiro. Eu sinto saudades do que eu era nos outros anos de como eu aplicava essas minhas doses de viver.
Viver é trair e se coçar, viver é deixar pra lá sem ter deixado. Acordar no meio da noite e pedir colo.
Viver é a melhor lição de casa.
Viver é gargalhada sem ar e choro sem mãos no rosto.

Viver é esquecer o que estava fazendo e parar no meio d



segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

(2015)

Nem tudo que passou, eu deixei ir.

Nem tudo que eu não me lembro sempre, eu esqueci.
O amor vive errando, ele vive parecendo possível. Vive parecendo "meu" amor, mas é só amor.
E não ter posse de algo, que a gente já guarda dentro, dói.
É como aquela rachadura no quintal da minha avó sempre que a chuva se faz tempo eu vejo escorrer água, vejo vazar.
Teve uma vez que a água nunca voltou, você também nunca volta, isso pode até ser o melhor para tudo que a gente vive, mas a saudade fica feito a chuva dentro das paredes (você) sendo sempre meu parênteses. 


domingo, 20 de dezembro de 2015

Dezembro

No primeiro gole de cerveja dessa semana, que fez muito calor, o líquido mergulhou e eu senti ele entrar por dentro, senti molhando meus órgãos diferente do molhado que guardo no meio das pernas quando aquela garota quase me beija. Quase tudo sempre. O quase é pior do que o acontecimento, porque ninguém esquece o quase.
Foi quase, meu quase amor.
A gente chegou tão perto de se cuidar que se descuidou.
Me mergulhei  de cabeça no claro dos seus olhos como quem mergulha em águas claras sem saber que elas também guardam coisas que machucam. É que até o transparente, o claro e o sincero machuca.
No último gole de cerveja dessa semana, que choveu muito no sábado, meu corpo já se sentia exausto e eu me perguntava aqui dentro "será que eu consigo te esquecer?"
Esse ano quase que não teve amigo, mas teve quase amor secreto.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

como de costume

me acostumo


todos os dias a comer toda a salada pensando no arroz  feijão do pf aqui perto.
ouvir várias canções esperando o shuffle me presentear com aquela que gosto mais que todas que já me tocaram.
depois ouço quase a música toda esperando a parte que me conta sobre elas, todas elas que me fazem endereçar melodias.
de noite bebo cerveja, catuaba e fumo o que tiver querendo mesmo ser tomada apenas pelo escape que eles me proporcionam.
e depois de te procurar em todos os aplicativos do celular te encontro no último pensamento do dia, vai que a vida me faz sorte e eu te encontro como um bilhete premiado dentro dos meus sonhos tão estranhos quanto eu?

domingo, 29 de novembro de 2015

Quem acha vive se perdendo

Minha mãe disse que dá para saber que eu estou doente pelos meus olhos.
É que minha mãe já me viu chorar por quase todos os motivos que eu já chorei, por quase todas as dores que eu já tive desde aquele choro que eu chorei por nascer até o choro que eu choro toda vez que eu tenho que crescer e ninguém pode me ajudar.
Ninguém cresce pela gente, na melhor das hipóteses, cresce com a gente.
Você confia em quem te vê chorando.
Chorar é deixar o corpo nu, só dá para colocar as mãos no rosto e se deixar molhar, feito chuva penetrando guarda-chuva.
Tem gente que coloca a mão na boca para sorrir, eu gosto de sorrir com os olhos também, identifico amor por isso.
Identifico amor em quem me olha diferente enquanto sorri comigo.



quarta-feira, 18 de novembro de 2015

dois em um - marcelo camelo

Cada qual para o seu canto. cada um pro seu lugar nenhum. não há nau que zarpe em bando. não há mal que santo cure em par. não há razão pra sermos dois. Cada um com seu tamanco, cada um pro baile que quiser. Toma o teu sapato branco, dá minha fantasia de mulher.
Mas vai, razão, me diz porquê. Por quê razão? Por quê nenhum
- Pois não, razão, me diz que não
Mas há razão pra
sermos dois
em
um.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Novembro

Eu ia tentar dormir, juro que era o que eu queria. Mas essa brisa leve que entra pelo canto da janela, essa melodia que sempre me traz você, essa voz doce dentro do meu fone.
Como seria seu beijo de chegada agora?
Quando o nosso fim chegou eu lembro de chorar pensando que nunca mais veria você da janela descendo as escadas do meu condomínio enquanto mexia nos cabelos, lembro que chorei porque você tinha dormido com uma camiseta minha e ela ainda tinha o seu cheiro ou o nosso cheiro.
Será que eu ainda me lembro dele?
Agora eu escrevo isso com dor no peito e meio sorriso no rosto.
O mesmo rosto que já foi tão diferente por você, que já foi todo seu. O mesmo rosto que já te endereçou várias reações.
E se essas minhas sardinhas falassem o que elas te diriam?
O legal de tudo isso é que eu tive que lembrar de você, não te esquecer. Essa troca diz muito sobre a condução da minha vida agora.
Eu poderia chamar esse novembro de doce. Poderia encerrar seu nome por aqui. Encerrar esse amor que me parou tanto tempo no mesmo ponto.
É que, Vida, eu peguei outro ônibus agora e ele não tem mais o seu endereço.
Mas eu acho que tem coisa que a gente não esquece mesmo e eu nem sei mais onde você mora.


eu não trato minhas fotos
eu enxergo

domingo, 8 de novembro de 2015

Eu já tive um grande de amor e grãos de amores, mas hoje se eu tivesse qualquer amor perto, eu não faria nenhuma promessa que não fosse:

eu fico com você todo domingo, domingo todo, meu amor.

A pressa não merece nossa calma.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

a brisa mais linda que eu já tive

Eu nunca entendi porque essa menina apareceu para mim, mas eu sei que foi tipo uma força da natureza, como aqueles ventos gelados que a gente não espera mas vem de uma vez te arrepia e te faz rir por causar prazer. Então você se encanta pelas sensações que ela te traz.
Como se eu não soubesse, mas ali eu já tinha me apaixonado por cada coisa que ela fazia.
Tudo que eu tinha acesso eu me apaixonava mais e mais. Teve uma vez que ela usou outro tom de voz e eu já estava rindo que nem boba.
Eu nunca escolho mesmo quem vai ser dona da minha dor, eu só sinto. Quem dói já curou.
Essa menina se tornou minha preferida, meu nome preferido de pensar.
Esse vento agora me fazia parte, eu abria as janelas e a porta só pra ela se criar corrente-de-vento pelo meu quarto. Ir e voltar várias vezes bagunçando meus cabelos, arrepiando mais ainda e endurecendo meus mamilos. Pedi várias vezes para o vento soprar seu sotaque nos meus ouvidos. Eu pedi tantas vezes para o universo que, sei-lá-por-que, te colocou em mim te trazer mais, te progredir em mim.
Comecei a te respirar pelos dias, era meio que fundamental te ter por perto mesmo longe.
Só que, feito meus cigarros, seu ar não me fazia bem sempre
até me sufocar
ver só seu sopro
e não teu rosto.
(e aqui eu rimo porque eu já te enderecei várias poesias)
Eu só queria respirar a mesma brisa do mar que você, já que o que você me sopra não é mais suficiente.

(eu tentei não escrever diretamente para alguém, mas é que eu tinha tanto pra contar)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O Gigante

A gente passa tempo demais pensando e consegue sentir. Sentindo aquilo que não se tem, não abre mão de ter que mentir. O que você não sabe dizer, ao menos tente um pouco fingir. Não traga referências demais você acabar e se confundir e deixar de aprender a sorrir.
Não seja grande demais, você ainda vai se perder, não dê razão para a fé, não deixe ela crescer mais que você. Não seja forte demais, todos eles vão saber e vão correr pra te derrubar pra te ver encarar seu lugar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Outubro ou nada

Coloca aquele filme que faz piada com a tristeza, quem sabe eu consigo me achar cômica por tudo que vivo.
E se tudo é feito de metades, como eu já escrevi, cadê meu pedaço de torta?
Eu só estou torta, sem rumo e fumo.
Trago o cigarro
e trato o acaso.
Esses dias que eu me sobrevivo, que eu fico boiando, esperando as direções me alcançarem, porque, sinceramente, eu já cansei de me esforçar para nadar. Me esforçar pra nada.
Olha para quem já cresceu, você quer ser como eles?
Eu também não queria, mas sou metade.
Metade suficiente para te afetar.
Estar.
Que lugar é esse que eu cheguei com vinte e poucos anos?
Eu sei que eu não estou onde queria, mas eu também não pirei, não joguei as coisas no ralo.
Eu nunca gostei do meio e sempre deixei isso claro nas mensagens.
Talvez eu exploda nesse sábado, catarse que eu já senti de tristeza.
É que eu acho que vou estar bonita cantando bem alto as músicas da minha banda favorita, como se eu soubesse que vou ser feliz daqui há dois dias.
Como se eu soubesse que vou ser feliz daqui um tempo.
Como se eu soubesse com outra idade
o que eu já achei que sabia
e era só metade.

Pois é, até onde o destino não previu sem mais atrás, vou até onde eu conseguir. Deixa o amanhã e a gente sorrir que o coração já quer descansar. Clareia a minha vida, amor, no olhar.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

choro pra lavar tudo que eu pûs em você
e que não existe

L

Eu te quis tanto que a gente não deu certo antes de começar, eu te imaginei com mais frequência, te fiz acontecimentos em sequência, meus batimentos e sentimentos todos dentro de uma caixa que eu te endereço do dormir ao acordar e, sinceramente, meu amor é tão bonito que você também me perde.
É que eu tenho essa mania, quase cisma e até karma de me entregar demais para as coisas que eu amo. Eu não vejo o que te trouxe a mim, mas eu te enxergo. Essas pessoas elas só te olham, guardam seu lugar, mas não tem cuidado de te perguntar porque você gosta tanto dessa música. Eu quero entender como você funciona, quando você se emociona e isso me faz gostar-ainda-mais-de-gostar-de-quem-eu-gosto.
Acho que eu teria aguentado se eu não percebesse que quando você me dizia estar indiferente com a vida você estava diferente de mim e acho que eu não gosto muito do jeito que você cresce de uma semana para outra. Você cresce rápido em um tempo que eu já cresci, tem muita coisa que martela nossa cabeça nessa idade, fica difícil até parar para respirar imagina se entregar.








Poema de batalha

''Sabe quando aperta-te o peito, angustiado permanece preso? Tente respirar com todo esse peso. Sufoca a alma e o orgulho. Pensa que quero ferir-te.
Machuco a ti e a mim.
Equivocos são como pedras atingem a cabeça que se põe a ressoar. Vibração que arde corta o coração.
Retalhos de sentimentos largados pelo chão, colho-me, varro-me.
Aspire meus erros e me jogue fora, limpe os vestígios, lustre os absurdos com esforço talvez se tornem glórias.
Procuro a fronteira que me separa da exatidão, sou imigrante não tenho permissão choco-me com a guarda violentamente.
Mas sou fraca, perco a batalha sangrenta tanto sofrimento asteio a bandeira da paz.''




segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Bebi pra te esquecer lembrei em dobro

Dormi pra te esquecer lembrei em dobro
Dormindo seu boa noite.

Acordei pra te esquecer lembrei em dobro
"Amanhãsendo" você

Comi pra te esquecer lembrei em dobro
É que eu quis te contar que eu estava comendo aquilo que você adora.

Dancei pra te esquecer lembrei em dobro
Tocou nosssa música.

Lembrei pra te esquecer em dobro

Você pode ter sido a pior das decepções mas resultou na minha melhor frase.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Passa por cima.

Todo dia eu me desenho para você, me contorno passando caneta por cima do desenho que eu sou a lápis. Eu sou tão melhor nos olhos de outra pessoa.
Nada me ensina mais sobre mim do que o amor. Puro. Pleno. Meu.
É só o que eu sinto, pouco vivo, mas me faz viva.
Onde você tá todos esses anos, amor?
Onde que você já existe?
Por que não há você na minha sala enquanto eu passo nosso café?
Você já havia, mas não vinha. Se eu pedir, você vem?
O que há de ser para nós se já somos?
Eu sempre soube que tudo que eu escrevo é de alguém.
Tudo que eu escrevo agora é seu.
Todos os contornos de cada letra com só uma pessoa na cabeça.
Fica comigo que eu quero passear meu lápis nas suas folhas em branco.

domingo, 27 de setembro de 2015

Shuffle

Foi na janela do metrô que eu vi meu próprio reflexo, era final do dia e eu estava cansada, mas você apareceu naquela música,  tão aleatória como o modo que eu coloquei para tocar a lista. Então eu te fiz mais um bloco de notas sem final e sem assinar, há meses que eu não te endereçava palavras, há meses que eu nem te sonho. Mas quando você arrepia meu pescoço como antes, eu te deixo algumas rimas.
Deu para ver pelo reflexo que minha boca escapava um meio sorriso.
E sobre escape, meu amor, você é minha maior referência.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Coisas da Ana

Quando eu era pequena eu sempre via meu irmão andar sem camisa pela casa e eu sempre quis fazer igual, mas por algum motivo que nunca entendi qual era todo mundo mandava eu colocar a camiseta.
Minha mãe nunca reprimiu nenhuma coisa que eu fizesse, mas eu me sentia mal porque que não via nem minha irmã mais velha nem as outras meninas andar sem camisa por aí, já os meninos, aqueles que eu sempre invejei a liberdade, sim.
Hoje, anos depois de eu usar minha primeira cueca, eu andei sem camisa pela casa o dia todo.
Foi tão libertador, minha mãe não achou estranho, assim como ela nunca mandou eu "sentar igual menina"ou fazer "coisas de menina" ela sempre entendeu que as coisas que faço são só as "coisas da ana".
Ainda quando eu era pequena, minha mãe conta rindo que minha tia sempre tentava colocar coisas no meu cabelo para "parecer menininha"e um dia eu com 3 anos gritei aos quatro cantos da sala da casa da minha Vó "eu não aguento mais isso! lacinho!presilha! não vou usar nada". Sobre meu cabelo também, eu lembro que todo ano a gente tirava foto no Colégio e eu lembro que minha professora da terceira série me disse "vem cá vou pentear seu cabelo, uma menina não pode andar com o cabelo sem pentear por aí". Foi o ano que eu menos gostei de mim naquelas fotos e pedi para o meu pai não comprar dessa vez. E já ouvi várias vezes "tão bonito o cabelo da Ana pena que ela não sabe cuidar" até que eu aprendi a "cuidar" de um jeito que eu gosto sem pentear sempre e a única coisa que eu faço é um coque as vezes e acho que meu cabelo é meu maior charme, fora os olhos quase vesgos que eu nunca quis operar.
A sociedade fode tanto com a cabeça das meninas que nem sempre elas andam como querem, elas só vão na onda errada de ser o que a gente não é.
Eu sempre quis fazer mais as coisas do meu irmão do que da minha irmã, nunca fui a garota penteada do colégio e nem vou ser a mulher que eles querem que eu seja para ser mulher. Pra mim não existe coisa de menino ou menina, existe o que estou com vontade de fazer.
Isso aqui é coisa minha e pronto.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Eu não uso guarda-chuva

Eu já falei que eu não uso guarda-chuva nem em dias de temporais, que eu não me protejo de coisas que inevitavelmente vão me molhar, de dores que vão encontrar um cantinho para chegar até minha pele.
Tem gente que escreve sobre chuva quando fala de choro, mas eu escrevo de chuva quando falo de algo que a gente não pode controlar. Pode até ser o choro, o choro é livre, porque não tem quem controle quando as lágrimas querem apostar corrida até a boca.
Tudo bem se as pessoas criarem capas, bolhas, muros, telhados, a chuva sempre vem, ela tá ali te olhando da janela, te escorrendo entre as paredes, molhando seu para peito e seu peito também.
Feito essa dor sem controle que eu não sei ainda como tirar de mim sem me tirar de mim.
Você é chove-não-molha, mas eu me molho todos os dias.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

do tempo eu sei, o tempo é rei

Quantas vidas mais eu vou ter que percorrer pra encontrar você?
ou reencontrar
meu amor é pequeno agora, tá guardado quase machucado
por quem não encontra
Eu já vivi nossas vidas tudo em sonho te colocando do meu lado como o melhor presente e era a parte mais bonita que eu tive.
De toda nossa plenitude que é se sentir vivo, mesmo quando tem que viver do corte (quase) cicatrizado.
Guardo nesse blog histórias de amor falidas e dolorosos momentos de partida
Guardo na minha vida lembranças que cada mudança precisa
Tento não rimar, como eu ouvi Caetano cantar "amor e dor" mas é de apostos e opostos que a gente se sente pleno.
Deita no meu colo, escuta essa música enquanto eu tiro sua blusa.
A gente se usa mas eu nunca consigo te jogar fora, porque eu sempre quis te guardar no que você já foi pra mim.
Eu fui tanta coisa com você, tanta gente, tanta vida.
Tento me infiltrar na felicidade como quem só filtra coisa boa, passo o café no coador e te espero chegar, sem coagir nenhuma dor de amor.

domingo, 2 de agosto de 2015

Agosto (ah gosto)

Tá todo mundo comendo frango e batata doce pra ficar maromba, disso tudo eu não quero nada mais que a sensação do doce na boca, do acolchoado das bocas das meninas. Elas passam brilho na boca, mas eu gosto mesmo é do brilho do olhar e do cabelo bagunçado quando dorme do meu lado. 

A cara inchada e a boca entreaberta enquanto dorme e se acolhe em mim. 
Eu só quero que elas façam do meu peito livre, um ninho e que sejam exatamente o que são sem a maquiagem e roupa, mesmo que não se achem bonitas, eu to aqui pra
ver que é. Linda muito linda, sou fissurada nos olhos dela. 
Eu quero sentir a curva dos peitos com a ponta dos dedos, no meu toque macio sobre a pele arrepiada e despida. 
Senta aqui perto, me da sua mão que eu quero segurar mas não te prender, eu deixo meus dedos frouxos pra quando você quiser sair de perto, só não demora para voltar que eu tenho saudade da sua voz. 
Tá todo mundo aumentando os pesos na academia e disso tudo eu só quero o peso do seu corpo deitado nas minhas costas e sentir o toque do seu cabelo sobre minha pele. 
Eu só carrego amor e um pouco de tristeza no mesmo peito que eu não gosto que o sutiã prenda. 
Meu amor quase sempre não dói e não pesa, sabe o que é? eu sou teimosa quando quero fazer alguém bem. 
Eu vou te colocar na minha cama no domingo à tarde e conversar por horas sobre qualquer coisa que te faça gargalhar e beijar sua boca de um jeito doce e macio toda vez que nossos olhares se encontrarem entre os travesseiros pra te fazer esquecer os problemas da segunda-feira. E na segunda-feira eu te ligo de noite para ouvir como o dia foi pesado e não é sobre o peso da academia é sobre como a gente virou adulta. 
Eu quero viajar com as minhas mãos no mundo inteiro que é o corpo e observar o rosto, prestando atenção em cada expressão e não em impressão. 
Me da sua mão que o dia tá lindo e essa hora, pela minha janela, tá batendo sol na cama. 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Tem mais que eu

A Ana tinha muitos sonhos sem saber que eram sonhos, sem saber que seus desejos eram quase todos utópicos, achava estranho que as coisas chegavam até seu coração mas não eram palpáveis na mão (e rimava de propósito). Tipo gostar de coisas que nunca seriam dela, de lugares que ela não poderia ficar e momentos que ela esqueceria quando outros viessem.
Ana não sabe lidar com o fim das coisas, mas o que ela sabe menos ainda é lidar com o fim do que não são coisas. Confuso, mas real, porque o fim não é só o fim é todo processo que a gente precisa entender antes de superar e saber lidar.
A Ana nunca projetou o futuro, não faz a mínima ideia de como estará daqui dez anos e não quer saber, seu sonho não é palpável, seu toque não é descartável e sua rima é fácil, feito amor e dor.
De vez em quando a Ana acha que consegue fazer coisas que ela percebe que não consegue e desisti no meio, é que não tem problema largar as coisas se você não projeta o final delas.
De tudo isso e mais muita coisa o maior problema da Ana são as expectativas. Como ela espera que o mundo seja, e tudo se torna, sonho, utópico, como quando ela para por horas e fica encarando as estrelas de mentira que brilham no teto do quarto desde que ela era criança. Tem um mundo inteiro nas suas viagens, que ela chama de "brisa".
A Ana cresce quando todos esses sonhos viram expectativas mal sucedidas, quando ela tem que entender o motivo daquilo acabar e o processo para aceitar esse fim. Quando ela olha pro teto e nem as estrelas de mentira acalmam a escuridão do mundo real. E isso acontece sem projeção, com muito medo, falta de experiência e pessoas boas por perto, gente que ama a Ana, que tem carinho por ela.  Muita gente fala que não sabe por quê mas gosta dela, deve ser um carisma estranho e meio reverso, já que a Ana é meio tímida tem vergonha de se aproximar das pessoas.
A Ana ama escrever, mesmo sem saber e ela só quer que as pessoas se amem, amém.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

"junho julho eu juro eu vou tentar em outro lugar"

Junho atrasado, mas ainda em tempo
Eu escrevi isso no penúltimo dia de junho, mas só coloquei hoje, porque quero falar também sobre as coisas que chegam atrasadas, mas ainda sim chegam e transformam.


Eu não parei pra medir, as coisas foram acontecendo e eu já nem mais sabia onde que tava a dor. 
Onde que seria a catarse. 

Junho foi o turbilhão, mas os meses parece que se estenderam, que a diversão passa rápido e a parte chata das coisas toma mais o tempo da vida. 
E todo mundo se assusta quando eu digo que não tenho medo de morrer. E que morreria cedo. Eu vou morrer cedo, porque eu não caibo aqui, meus moldes estavam errados. 
Que, às vezes, tá aqui ou não é pouco pelo que tá dentro de mim. 
E agora eu acordo nas madrugadas e procuro no meu celular um refúgio para os meus sonhos, só que os meus sonhos sempre vêm das coisas que eu vejo no celular. 
Minha vitrine cabe na palma da mão. Vitrine parece sempre bom tem sempre as melhores coisas mas não pode ser legal. As vitrines sabem seduzir como essas garotas fazem comigo. E um frame de qualquer coisa que eu vejo pode me destruir ou me reconstruir. Menos de um segundo que injeta horas infinitas no meu cérebro. 
E todos esses documentários sobre qualquer coisa que a gente acha que não conhece. A gente só não se conhece. 
Eu nunca soube direito quem eu sou o que quero, mas eu sempre soube o que eu não quero e o que eu não sou e onde eu não me encaixo. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

"viver gera necessidade, amar gera propriedade"

A saudade é minha maior droga.
Coloco uma dose dela no coração antes de sair.
Tomo feito um cálice de vinho por dia que dizem que é saudável.
Dou pegas nela durante os finais de semana igual aquele fino que meu amigo bolou em 5 minutos.
No bar junto com as garrafas de cerveja tomo goles seguidos enquanto conto para os amigos como as coisas fazem falta.
E no trago de cada cigarro a saudade é como aquela bolinha de menta que eu estouro e me traz com leveza a imitação do sabor que eu gosto.

E as drogas são só distração para a maior droga. A droga da saudade, a droga de sentir saudade de qualquer coisa que não te faz bem.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Eu, minha verdade e nada mais.

Vivo uma catarse emocional de apenas um dia.
Hoje muitas coisas me fizeram derramar algumas lágrimas: textos bonitos, músicas bonitas, reflexões bonitas e abraços.
Hoje eu transbordei muito amor e quis vir aqui entender o que está acontecendo comigo.
Talvez esse não seja um texto com nome de mês, que foi o jeito que eu achei de criar uma série com um nome só.
Hoje eu queria seu abraço, mas prefiro seu descaso, queria ouvir sua voz, te acolher do frio e me esquentar no amor que não é mais o mesmo.
Eu nunca quis ser sozinha, nem nunca pareceu que eu era ou sou, mas o mundo me colocou assim desde que eu entendo meus pensamentos como pensamentos, nunca me excluíram, eu nunca fiquei sem amigos e nem fui humilhada na escola, pelo contrário me considero uma líder na hora de reunir os amigos, trago todos para mim fazendo piada e me impondo de várias formas, mas não importa quantas pessoas estão por perto eu estou sempre em um poço vazio onde não se encontra nem água. Onde minha única sede é conseguir me expressar sem causar desinteresse.
Então eu me obrigo e me abrigo na minha própria solidão. É só que eu não consigo dividir todas as reações e as sensações empíricas que o mundo me prepara e me dispara.
Nada em mim é de fácil compreensão então eu guardo só para mim.
Meu resumo são algumas feridas e muito amor que às vezes sangra.
E eu vivo o fim da minha solidão desde que consigo soltar, aos poucos, em textos minha total solidão, meu medo do próprio escuro e meu amadurecimento interno.
Desde que consigo driblar minha timidez só colocando o rosto na chuva, o peito na câmera e o sorriso quando eu não tenho nada para dizer.


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Maio interminável

Maio não acaba só acaba comigo.

O mês de maio é a maratona do ano, parece que a minha maré não chega a lugar nenhum.

Nado e nado e nada.

Hoje um amigo me falou sobre o quão pequena são as coisas perto da imensidão que é a vida e o amor que a gente investe nela e isso não quer dizer que você não pode sofrer pelos seus problemas, mas não deixe o seu sofrimento tomar muito tempo as rédeas da sua vida.

"where you invest your love you invest your life""

Hoje eu dei tchau para uma amiga que foi morar com a mulher dela na França eu chorei pela incerteza de nunca mais vê-la e pela felicidade de ver até onde ela consegue chegar com a própria liberdade.

Você também veio várias vezes esse mês de diversas formas, sempre mansa e dessa vez quase carinhosa, mas eu não te deixei ficar, construí muitas muralhas para esse amor que tanto doeu e para esse sofrimento que já não é mais meu.
A gente teve aquela típica conversa de reencontro do mesmo jeito que a gente simulava quando achava que não iria terminar nunca só que sem risadas e beijos no final.

Só que sem final.

Tipo maio.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Maio

Tem horas que só eu sei que estou com os olhos fechados.
Vou me jogar na praça de alimentação do shopping mais próximo e comer sem fome, sentar sem cansaço e sorrir sem querer.
Depois vou querer ver um filme sozinha, mas tenho que voltar ao trabalho.
Meus braços estão vazios e meu coração meio oco, só que não tem espaço para ninguém, eu só quero a solidão boa.
Queria um tipo de invisibilidade que me cobrisse, às vezes eu fico tão quieta para que ninguém mais me perceba, me escondo para fazer parte dos móveis, alguém me chama e tem o mesmo efeito de quando o despertador toca e estou em sono profundo, queria tudo menos ter ouvido qualquer chamado.
Deve ser o frio, com certeza é ele, que vem devagar e de repente tá ali, levando todo aquecimento das coisas.
Meu edredom já virou meu casulo e com o meu cachorro tenho meus maiores diálogos.
Esse ano eu aprendi que as coisas só são sentidas se você está nelas.



domingo, 3 de maio de 2015

Domingo

Eu não lembro o que eu te escrevi antes e que te trouxe pra perto, mas era alguma coisa sobre ficar, aquele dia se fez setembro por algumas horas.
Hoje acho até que eu falaria alguma coisa parecida, só que querendo com mais força.
Eu quero que você seja exatamente o que é e te colocar no meu abraço pra você ser minha, não, minha não, mas que eu possa te acompanhar enquanto você descobre quem é, o que quer, do que gosta e, principalmente, o que escolher. É que sua liberdade é o que eu mais gosto em você.
Eu quero que o seu batom fique mais muitas vezes na minha boca, porque quando você vai embora, já não é só um pouco dele que você deixa em mim. Tem tanta coisa que fica aqui, quando a gente se despede. Não dá nem vontade de lavar a boca, de limpar a marca que você deixa, coisa boa a gente quer guardar para ver se a sensação prolonga.
Eu quero receber um áudio seu no meio da madrugada (agora gelada) só para curtir repetida vezes seu sotaque.
E depois poder te trazer comigo nessa madrugada (agora quente) para ouvir no pé do meu ouvido o mesmo sotaque enquanto a gente entrelaça os pés e dorme de cansaço e segurança.
Eu quero também conseguir te mostrar todo meu universo meio torto, vesgo e desconexo para ver se você ainda me acha interessante. E te mostrar que dentro de mim o que mais tem é amor, por mais clichê, piegas e brega que isso pareça. Eu queria ser uma música do Caetano, que eu nem sei se você gosta de alguma, mas se você gostar de uma qualquer vai entender a sensação. Se não, eu vou te mostrar as minhas preferidas.
Ah e eu queria ser menos tímida para conseguir dizer tudo isso sem precisar dizer.
Eu estava errada sobre você ser um vendaval, você é tipo a correnteza de um rio que vai te envolvendo quase devagar e de repente você tá no meio sem perceber, sem que você consiga segurar nas bordas até que você nem quer mais segurar em nada, só que ele te leve.
Sei lá se tudo isso que eu falei aqui te assusta, mas isso sou eu, isso é meu olho meio vesgo que você não conhecia.
É que, pela primeira vez, em muito tempo, eu sei exatamente o que eu quero de mim em relação a alguém.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Abril (construir/desconstruir)

É uma cidade que tem praia, mas não se usa.
Feito isso é você aqui dentro, uma praia que não se usa, imenso oceano cheio de emoção que às vezes se faz forte e as ondas alcançam as calçadas e me faz lembrar.
E não importa onde o mar esteja, ele nunca será nosso, acho que ninguém aguenta tamanha intensidade, a gente se afoga.

Quando eu era pequena minha mãe sempre falava "fica perto que o mar tá bravo" e eu sempre pensava que eu queria saber o que deixou o mar bravo, o que alguém fez em suas águas salgadas, quem não respeitou a grandeza de ter seu corpo tocado pela água mais imensa e viajada do mundo.

O mar tem gosto salgado, mas é doce quando a gente quer.

Você sempre foi assim, seu gosto salgado grudado na minha boca e mente que me deixava doce e depois amarga. a-MAR-ga é como você se mostrava para o mundo e se mostra. Amar é amargo.

Sempre tem aquele lance da sede depois que sai do mar, é um jeito do mar deixar a gente com saudade. Minha saudade é sede de você, do seu salgado que me deixava doce.

E como o mar grande me faz pequena, me faz nada, ser nada e não conseguir sair do lugar por mais que os braços e o corpo todo se canse de nadar contra maré. Amargo, contra-gosto.

Eu tentei colocar açúcar para ver se o doce permanecia por mas algumas horas, mas só me dava mais sede e te enjoava mais.

Seu mar é sujo e me deixa doente, mas eu sou viciada na sua podridão, nos lixos que estão impregnados no seu fundo e que, quando se movimenta muito, fica aparente em qualquer maré.

Seu mar é modificado por várias pessoas, por uso humano sem amor que me faz ter medo até de passar perto e olhar.

Tenho medo de molhar os pés na sua beira e querer mergulhar de novo, me afogando no sufoco que sua presença me traz e sua ausência disfarça.

Minha vó dizia que  "o mar é traiçoeiro". De novo você, parece bom quando a gente olha de longe, mas perto a gente perde o controle e ele nos domina.
Eu nunca tive medo do mar até que sua amargura quase me matou.

Eu construí meu castelo de areia na sua praia e você foi chegando aos poucos com ondas que chegavam cada vez mais perto  até que, quando eu olhei para o lado, você usou a onda mais forte e salgada pra destruir meu castelo de amor. E eu chorei feito criança que tem seu melhor amigo destruído sem entender direito o motivo. Minha mãe até tentou me oferecer sorvete, mas meu dia nunca mais foi o mesmo.

Minha boca nunca mais sentiu aquele gosto salgado e amargo e eu lavei os pés antes de calçar o chinelo, mas sempre sobra um pouco de areia que a gente não consegue tirar.

sábado, 4 de abril de 2015

04.04

Hoje é meu aniversário e é bem possível que eu tenha vivido 24 anos em horas mais intensas, em montanhas russas que variam as velocidades, em dias que eu pediria pra descer e outros para não acabar nunca.
Depois da maratona do amor romântico, senti uma sensação pesada de catástrofe, uma sensação de que nada nunca seria simples e não foi, mas foi intenso, crescer é legal, da um puta medo, mas é bom.
Desejei perder a memória algumas vezes porque doía muito as lembranças, desejei eternidade em momentos monótonos em que eu carregava o amor na palma da minha mão ou no toque de algum beijo.
Me sinto amada, bem quista, querida e desejada. A verdade que as pessoas me desejam e as mentiras sinceras também.
Desejo os desejos.
Continuo com a vontade de guardar  as coisas que não-são-coisas em caixas de coisas que são coisas.
Sabe o que eu queria mesmo?
Poder contar as coisas sem as pessoas perguntarem, ter sido tudo que meus pais gostariam, ter gostado daquela menina, ter sido boa para todas as pessoas, colocar sorrisos nas pessoas nem que sejam de mim, queria ser menos tímida e abraçar aquela pessoa que eu admiro. Eu queria que mais nenhuma lésbica apanhasse ou sofresse qualquer agressão só por ser o que é, assim como eu pude ser nesses 24.
Legal saber que essa é única vez que eu faço 24. Eu gosto de algumas certezas que ninguém pode tirar da gente e com idade é assim.
O melhor de mim tá no que eu ganho de vocês.



quinta-feira, 26 de março de 2015

Quantas palavras eu gastei tentando te dizer?
É que agora eu já não quero dizer mais nada,
meu coração, coitado
despedaçado
mostra em cada traço
minha saudade
desculpa o atraso
é que cansado
fui parar no espaço
junto com os meus pensamentos
separo espaços
e desenho mais traços

quarta-feira, 18 de março de 2015

Dias.

Tem dias que meu quarto fica gigante e eu pequena.
Eu me recolho, me aperto no canto da cama e me encolho.
Misturo o monte de verbo e rasgo dentro de mim.
No escuro olho pro teto pra ver se te acho, mas só sobraram as estrelas de quando eu era criança.
Lembro de você assim
Deitada de lado
No encaixe do meu abraço
No meu travesseiro me afundo e peço desculpas para o mundo, meus problemas são tão pequenos quanto eu.
Coloco os fones e procuro uma frase ou acorde que me leve dali que me acorde para a vida, que me leve para aqueles dias tranquilos onde eu quase me esqueço como é ser triste.
Até que adormeço no meu berço, a minha cama se ajeita e eu agarro minha coberta que serve como proteção.
Protege do frio o coração.
É na cama que as melhores coisas acontecem de verdade.
Tem dias que eu acordo e me sinto gigante
Meu sorriso não me abandona

Transborda
Abro as janelas e a porta
Me sinto disposta

É que eu sempre gostei mais dos dias do que das noites, do sol do que da lua.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Março

Meus amigos todos conhecem meus cochilos esporádicos. Apenas 5 minutinhos e já vou. Eles dizem que eu bebi demais, extrapolei, mas eu passo a semana toda batendo cartão, levando meu cachorro pra passear e vendo série, no final de semana eu quero sair por aí, beber demais, fumar demais, rir até doer só esperando o vazio da semana seguinte. Eu fiquei mais exigente com a felicidade. E menos exigente pra soltar meu sorriso e carisma. Porque carisma todo mundo tem, todo mundo vive. Cada pessoa é um universo que te atrai de alguma forma, nem que seja por um olhar.
Amanhã começa meu inferno astral, é março e estou mais magra, às vezes minha cabeça dói muito. 

Eu tenho preguiça de ler notas de rodapé, mesmo quando elas são interessantes, é que se fossem tão relevantes assim não precisariam de rodapé, estariam no meio do texto formando em palavras a explicação das coisas. Tem sido difícil focar na essência dos livros mais ainda nas notas de rodapé, assim como a relação com as pessoas. 
Me aprofundo pouco e me afundo sozinha no meio do mar na quebra das ondas. Por mais que falar "tem sido" seja duvidoso e pouco confiável.
Talvez eu seja pouco confiável, é que meu querer é muito instável. De quem não é?
Essa semana eu vi um documentário muito bonito sobre amar e uma palavra não saiu da minha cabeça, ame.
Ame.
e
a.m
só ame.
Eu guardaria alguns sabores em caixinhas. Mas já tá guardado no mesmo lugar que fica o amor.
Março começa com mar então é imenso, impressível e antecede o chão de areia que o tempo me dá quando chega abril, onde eu cravo mais pegadas aumentando um ano na minha contagem de vida.
Eu pulei fevereiro* esse ano porque eu estava muito ocupada e sem inspiração, como se eu não quisesse me lembrar daquilo que é a única coisa que eu sei escrever: você.
2015 é um ano bom, ano ímpar eu sempre escolho ímpar naquela brincadeira, mas eu acho que eu só sei viver em par ou a par.
Emoções são cansativas.
E depois do último trago eu sempre te trago.




*Fevereiro
Declarei meu amor publicamente, toda impulsiva e arrependida no próximo dia como sempre.
Nadei na multidão e mijei pelos cantos.
Aprecio a fantasia que é o carnaval dos pés a cabeça. Do abraço, selinho, suor e, claro, o batuque.
As meninas e seus truques.
E a gente dança no ritmo da cidade.
Canta bem alto e encanta fácil.
A minha São Paulo nem parece a mesma, ninguém tá atrasado para o trabalho e nas ruas não passam carros, só blocos inteiros de gente e muita música.
Mas, meu deus, eu bebi demais, de novo e de novo e de novo. Não devia ter falado isso nem feito aquilo. Chapei. Melhor cigarro da minha vida e que falta de ar no outro dia.
Minha mãe me ligou e meus amigos riram de mim. Chega por hoje.
Que menina bonita, acho que ela tá me olhando,
E essa quarta-feira ta cinza como cigarro que bato e depois me bate.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

"Começa com a cura, mas termina com a dor"

Pode deitar na minha cama, menina.
A gente se entrelaça e afrouxa o nó que deixaram na sua garganta, eu posso guardar sua cabeça no meu colo ou amenizar sua dor no meu peito.
Vem comigo que no caminho eu não só te explico, mas te cubro de carinho.
Se quiser pode deixar uma muda de roupa na terceira gaveta e usar o shampoo verde.
Coloca o cabelo pro lado, isso, vou te fotografar, te guardo no meu computador e no meu coração.
Eu posso imitar coisas e contar histórias que te façam gargalhar.
Eu te faço feliz até virar sua nova dor.
Até a gente não caber na mesma cama ou meu peito não ser mais sua morada.
Nem sua namorada.
E nosso caminho ser uma estrada bipartida sem partida e nem despedida.
Leva essas roupas embora, ou melhor, eu coloco tudo na sua mala e te entrego naquela estação de metrô.
Pode rasgar aquela nossa fotografia com cara de sono porque agora nem dormir mais você consegue.
Depois de nós, serei seu nó de doer a garganta e cortar coração, onde você continua guardada.




https://soundcloud.com/lucas-yuri-alves-zanatta/cuidador

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

"foi-se o amor da minha vida"

foi sim

meio assim
sem mãos dadas
já tinha dado
a vida  acaba
o que está dentro dela também
sem tratado
só descaso
cria embaraço
e eu me despedaço

sábado, 24 de janeiro de 2015

Janeiro

Minha porta eu já fechei, mas minha janela eu abro todas as manhãs, vai que eu te vejo passar, vai que sem querer você dá uma passada aqui perto e olha de canto de olho pro meu quarto, enxerga tudo que eu vivi e fica feliz por mim. 

Lá pelas 10 da manhã o sol bate forte aqui dentro, a luz entra rasgando e eu gosto sempre de tirar uma foto, é que eu me acho mais bonita com a luz do sol. 
Eu sinto vontade de tirar fotos suas, lembro do seu sorriso com os olhos e da cara de brava porque eu tava fazendo isso. 
Com menos frequência, eu acordo às 5 da manhã sem precisar e lembro de quando você saía pra trabalhar e reservava 5 minutos no seu precioso tempo antes de sair para me fazer carinho. 
Algumas das vezes eu acordo em camas de outros lugares com outras pessoas e também consigo me sentir bem. 
Você é tipo aquele machucado que dá uma coçadinha nas costas onde a gente não alcança, mas que qualquer álcool ou mão de outra pessoa resolve. 
Me empresta aqui as nossas lembranças para curar minha saudade. Eu faço delas nosso filme que acabou sem beijo no final. 
Me dá aqui aquele potinho de vidro que é pra eu guardar seu pedaço que ficou aqui dentro. Só aquele pedacinho que é a parte que tem mais recheio e a gente deixa pra comer por último. 
Fechei minha janela porque está de noite e pode entrar bicho, mas eu durmo de porta aberta, lembra? 
Vê se aparece nos meus sonhos para dizer como anda a sua mãe e se os cachorros tão bem. 
Pensando bem, nem vem porque quando eu "penso bem" não é nunca você.