segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Dezembro

Último respiro do ano e toma fôlego, menina.
Coloca aquele sorriso lindo no rosto, deixa a maré subir, o mar te cobrir a cabeça e os amigos por perto te assistindo da areia.
Vamos inventar um bate-volta de última hora, como eu penso em você as vezes, volta e bate, depois me bate e depois eu volto para a realidade.
Vamos pegar jacaré com fé na onda do mundo que bagunça tudo, mas te devolve pra areia.
Vamos aproveitar o verão mergulhando de cabeça na piscina, nas coisas e nas pessoas.
Vamos comer até passar mal e no outro dia não comer nada e beber até passar mal e no outro dia dormir e/ou transar o dia todo e no outro dia ficar com a família e os amigos porque essas são as melhores coisas (que como dizem não são coisas) da vida.
Solta esse balão para o mundo, balão de 2014 que encheu tanta coisa e esvaziou outras, estourou, fez barulho e me deixou voar.
Os dias serviram só pra me separar de qualquer projeção, a gente aprende a lidar com a solidão que é viver sem apenas uma pessoa. E vive, mais que isso, sobrevive.
Sobre viver: eu quero muito.
Parece que esse ano eu entendi realmente a frase "é tão bom morrer de amor e continuar vivendo"
Dezembro é o mês do fim, só não do desapego porque no último mês tá todo mundo tão desgastado que só quer que o ano acabe, como as relações, o acabado não sabe como é bom pra quem acaba.
2015 eu só quero tirar bastante foto do mundo, das pessoas, dos sorrisos e o resto eu nem tô preparada, acho que eu nem acredito em preparação.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

herança

Eu tirei umas fotos da família esse final de semana e fiquei pensando, será que meus primos vão procurar meu Instagram como eu procuro os álbuns de família?
E meus sobrinhos será que vão fuçar meus perfis como eu fuçava as caixas das minhas tias procurando algum retrato? 
Ou como eu procuro na gaveta mais funda da minha mãe pelas fotos dela e do meu pai quando eles ainda se amavam? 
Nossos  filhos vão procurar nosso Insta e ver o dia que a gente passou a tarde no parque tocando uma viola sem saber que a gente tinha fumado o que a gente não quer que eles fumem. Ou aquelas selfies que eu deveria olhar para a câmera, mas não conseguia tirar os olhos de você.
E nossas cartas de amor serão as declarações feitas por email quando a gente agradecia só pela existência uma da outra, e eles vão acabar vendo como eu amei outras pessoas antes de te encontrar e ver que as mães também sofrem de amor. E que essas coisas doem em todo mundo mesmo. É normal. 

Normal também ver a gente carregando uma lata de cerveja na mão com os olhos caídos e que "não, a gente não é careta desde sempre". 
Talvez eles vejam alguns daquelas vídeos em que eu canto músicas só pensando em você no meu canal do youtube.
Ou os vídeos em que eu gargalhava de rir com os melhores amigos e jurava amor eterno. Amor pleno de amigo, que não se conquista, se encontra, o amor entre amigos nada mais é que o encontro. O acaso que o universo se encarrega de "fazer acontecer" uma hora ou outra.
E vão saber que já terminaram comigo pelo WhatsApp um aplicativo moda da segunda década dos anos 2000.
Minha irmã mais nova vai ver como eu adorava fazer vídeos dela só pra ouvir ela falar bonitinho e vai achar um puta mico tipo aquela foto neném no banheiro que todo mundo deve ter.
Minhas sobrinhas verão que a gente também gosta de putaria quando descobrir nosso tumblr. E vão sentir repulsa, porque os adultos familiares não podem pensar besteira, é estranho. Mas a gente vai explicar que já foi jovem e talvez em algum lugar ainda seja.
E o mais importante é que, não importa como, tudo isso é amor. 
Amor da gente, amor só por viver, isso que a gente carrega quando tá vivo. E talvez eles entendam que só o que a gente quer é o bem deles sempre, mas que as coisas tem que ser vividas e, muitas vezes, doloridas. Do sempre para sempre. 
E nosso pra sempre vai tá aqui registrado e computado dentro da rede. 
A gente ama o movimento, o espaço, a roda, o gingado...




e você? o que você ama?







segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Reparei no céu da boca, só porque tinha um céu pra mim.

Encontrei paixão em um beijo, assim do mesmo jeito que a gente tem dificuldade para controlar um bocejo. Do mesmo jeito, mas diferente. No meu corpo era como se eu sentisse uma corrente,
algo que quisesse me puxar pra dentro daquele corpo. Impulso, muito desejo.
Naquele momento eu juraria muitas coisas, não era preciso pensar no dia seguinte.
Era um infinito naqueles olhos que já me viram, mas agora me enxergavam.
Um amigo me disse que quando a gente deseja alguém com verdade, naquele momento aquela pessoa é o amor da sua vida eu questionei sobre a gente saber que não é e ele disse, "vai que você morre amanhã? Então foi". Não sei se acredito nisso, mas se eu morresse depois daquilo, com certeza seria feliz, e de que vale o amor ou a paixão se em determinado momento não te trouxer satisfação?

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Novembro

A gente já sabe que o mundo gira, girou. Dentro do ciclo rápido do metrô a gente se viu, não foram só os olhares que se cruzaram, foi a mente também. Então a gente mente. Diz que não viu, diz que passou, mas os olhos denunciam, nossos pensamentos se roubaram. Transcenderam. Cederam.
O tempo passou e agora com algumas cervejas já é possível te esquecer. Não só isso, concreto também.
Eu sou como aquele vagão de metrô que, de tempos em tempos, lota e esvazia. Abre várias portas de uma vez e depois fecha tudo ao mesmo tempo. Tô o tempo todo andando pelos mesmos lugares variando o tempo de parada. Variando qualquer parada.
As garotas me cobram sempre a mesma coisa. Atitude, vontade. E conjugam sempre o verbo "querer". Mas eu sou assim, instável.
Meu sorriso é um cartão postal que tem até dobra, lembra?
Não tem problema, eu lembro.
Novembro.
Eu tô te roubando o direito de me esquecer por ter sido o melhor dos seus dias. Eu te roubei aquele dia, mas não quis ficar com você pra mim, porque não cabe mais. Meu vagão tá lotado.
Meu vagão não tá vago.



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Meu Caro Amigo

Saudações, amigo querido!
Sinto falta de te ver quase todos os dias, mas tô muito feliz pela vida que está levando por esses tempos.
Aqui na terra eles continuam jogando futebol, o meu palmeiras não vai ser rebaixado porque tem um tal de Henrique que ta jogando pra caramba. Isso é tudo que eu sei sobre futebol. Não sei sobre o seu time, não me interessa, gambá rs.
Tem samba, mas tem muito funk também. Ainda bem, viva a diferença até na música!
Tem muito choro, viu, a coisa não tá só preta, tá vermelha também (ainda bem de novo).
Espero que você não esteja lendo o seu facebook porque a sociedade virtual, que infelizmente (nesse caso) tem muita voz, tá falando merda. Nada que me deixa com raiva, mas triste. Ontem eu chorei (e eu nem to na TPM) porque muita gente que eu conheço (espero que você não conheça) escreveu/disse muita merda e ofenderam os nordestinos, peça desculpas por nós (paulistas) para a sua mãe, já que infelizmente (mais uma vez) por mais que a gente não pense igual estamos encaixados nesse grupo dos paulistas. Peça minhas desculpas mais sinceras a ela e queria dizer isso pra todos os nordestinos também, "perdoai-os (xenofóbicos) porque eles não sabem o que fazem" nem o que escrevem.
Estamos quase sem água aqui em São Paulo, esse "quase" ainda não bateu na minha bunda, talvez na maioria das pessoas também não, então ninguém tá se preocupando muito até a hora que o "quase" sumir. Eu me preocupo, mas também sou cúmplice. Você deve saber que eu não votei no atual governador, que parece aquele personagem daquela série que a gente gosta, o governador do Walking Dead, parece bom, mas é um bosta egoísta, que ta fodendo todo mundo. Manipulador , coxa, direitista e político, né.
Espero que você tenha encontrado muitas pessoas, entre elas pessoas que hoje podem viajar para a Europa mesmo não sendo rico. Diz para todo mundo que talvez seja melhor ficar aí, porque aqui tá feio, por mais lindo que o país seja. A coisa aqui tá preta sim. De resto a gente vai fumando, que sem um baseado/breja, ninguém segura esse rojão.
Tenho saudades das nossas conversas, bobeiras e da energia que a gente se passa. Saudade de como eu aprendia no dia-a-dia com você.
Eu tenho novidades, acho que quando você voltar a gente não vai mais estar todos os dias juntos, mudou umas coisas lá no trabalho. Eu vou mudar. Acho que não conseguiria sem sua ajuda :)
Aquele amor ainda dói algumas horas, mas eu to bem mais centrada, concentrando amor em outras coisas.
E a gente vai se amando, que sem carinho e afeto não da pra segurar nada.
Mais amor sempre, né.
Aquele abraço apertado, beijo no seu amor. Seja feliz hoje e sempre.
Saudades, que como a gente aprendeu, é amor de longe.




(inspiração)


terça-feira, 21 de outubro de 2014

outubro out of you

Outubro, me descubro.
Junto com o mês, faz um ano.
Como uma criança caí e ralei o joelho sobre os cuidados da minha mãe.
Dizem que toda emoção forte é como se a gente saísse do ventre de novo. Talvez seja isso, eu to tendo aquela impressão do mundo de novo depois do tempo guardada dentro de mim mesmo.
Depois de me encolher eu to me esticando por aí.
Desencontrando a cada esquina.
Já transformei milhares de músicas em experiências, já gargalhei até a barriga doer, já me senti amada, já conheci muita gente, gostei de algumas garotas, ... haha
Já tomei vários porres e fiquei chapada por horas, comi muito chocolate e chorei até sair ranho do nariz. Já te xinguei de "filha da puta" e no mesmo dia jurei amor eterno. Já cantei até doer a garganta pelas ruas de sampa dentro de um carro. Já enchi muito o saco dos amigos. Fiquei com alguém porque me lembrava (e mandei embora no outro dia porque não era) você. Já passei uma noite olhando pro teto e outra sem nem saber o que era o teto e o que era o chão. Achei que tinha esquecido, não lembrei por mais de um dia. Já evitei o assunto, pensei ter te visto no nosso lugar de sempre e depois perdi na multidão.
Perdi você a razão,
o contato,
 o descaso,
 o sapato,
o acaso,
 o contrário,
saí do armário.

Eu sinto que tá indo, é o processo doloroso mais gostoso dessa vida,  juro. Muito mais legal que aquela lista de coisas-pra-fazer-antes-dos-trinta que a gente leu naquele domingo de outubro a tarde na sua (nossa) cama e jurou fazer junto.

sábado, 13 de setembro de 2014

setembro.

alma
na
mala

na bagagem de mão
peso
na cabeça
peço

Antes do embarque
me despeço
e
me despedaço

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Agosto

De repente crescer se tornou latente,

sem afago, 
só estrago.
A gente tá ali nu, o mundo inteiro vendo, a gente se derrama, as lágrimas são só uma forma de externar isso.
Eu sempre soube que crescer não seria fácil, mas saber não é sentir.
Escrevo mil textos sobre o mesmo assunto
escrevo com a mesma pessoa de fundo.
Se ninguém mais aguenta, imagina eu?
Até quando?
Por mais que só apareça as vezes, a dor é uma constante.
Essa dor é tipo o vento, que tá sempre ali, mas só de vez em quando bate forte, te arrepia e pode até te derrubar.
Amar é saber morrer várias vezes.
Matar a vontade
ou morrer de saudade.

domingo, 20 de julho de 2014

essa carta ficou uma merda porque eu nem acredito que terei futuro tão distante.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Carta para o futuro.

Ana,
Desculpa se não deu pra gente ganhar o mundo. Se a gente não deixou todo mundo que passou por nós sorrindo.
Não deu pra terminar aquele livro, mas deu pra terminar vários, comprei até outra estante. E tá cheio de instantes é só fechar os olhos e abrir o coração.
O final do livro ficou lindo, nada "autopiedoso" como você tinha medo. É o gráfico perfeito do amor. Daquele seu primeiro amor, da garota do litoral com olhos escuros e grandes.
Você parou de se vestir dessa autopiedade, desse sorriso para baixo, toda vez que alguém falava sobre amor, agora só cresce. Essa menina do sorriso aberto que a gente sabe que ama hoje no ponto mais alto que nosso suspiro já chegou. E o coração pulsa forte, parece que quer pular por aí contando para todo mundo que amor é sorrir sozinho no meio da multidão séria.
Seus amigos estão todos por aqui, fazendo aquele círculo gigante e te trazendo as melhores risadas e os maiores ombros na hora de chorar. Se espalhando entre zona norte, interior e o resto do mundo.
A família tá aqui guardada debaixo do braço e aquecendo o coração. Você cumpriu a promessa de dar mais orgulho do que decepção.
Não dá pra saber o que você se tornou porque você nem sabia o que queria, mas com esse sorriso, se a gente não ganhou o mundo, ele nos ganhou.

domingo, 6 de julho de 2014

Eu fico pensando o quão diferente do meu cão, que corre atrás do próprio rabo, eu sou.

A gente fica aí, meio que se "punhetando" com as coisas do mundo, com as fotos postadas, os elogios guardados ou até aquele flerte no meio da rua.
Mas é ali, em frente ao espelho, tentando encontrar a própria beleza escondida, que a gente passa a maior parte do tempo.
Dando círculos em nós mesmo, tentando resgatar o que de bom alguém levou em um desses nossos envolvimentos.
Em uma ou outra troca de poros, sentimentos, ferimentos até o esquecimento.
Tudo assim, meio clichê e meio rimando como o meu cão faz todos os dias tentando caçar o próprio rabo, a própria satisfação até que ele quer segurar mais forte e deixa escapar.



sexta-feira, 27 de junho de 2014

Junho

Nasceu uma pinta nova no meu colo, fica mais pra baixo, onde você descansava a cabeça e as vezes até dormia. Perto da onde ficava a sua orelha escutando o quão forte meu coração batia por você. Mas o que bateu hoje foi uma saudadinha. Dessas suportáveis só que agudas. Dessas que faz a gente engasgar, mas que dá para engolir.

Saudade de quando eu lia livros na sua cama e você aparecia de vez em quando querendo carinho, tipo como os gatos costumam fazer.  
Eu quis chorar. Não é só por tudo isso, mas porque acabou mesmo pra gente. Acabou até o pós. Acabou qualquer contato, a gente é só um passado que dá muita saudade, mas nenhuma vontade. 
Sabe que essa pinta nasceu perto do coração. Como se você tivesse se externado e fosse só uma cicatriz sem ferida. 
E hoje eu nem quero molhar seus olhos escuros, eu só quero vê-los se expandirem para as laterais acompanhados desse seu belo sorriso. 
Acho que é sobre lembrança quando os casais dizem "pra sempre".  


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Balde de água fria.

Eu penso muito no futuro, todos meus medos devem vir daí. Só que, como quase tudo em mim, é contraditório, porque de repente eu faço alguma coisa sem pensar que muda todo o rumo da minha vida.
A gente tem que aprender a lidar com a frustração, com as expectativas. Se eu vivo de esperança eu também consigo viver com a falta dela. Vivo molhada pelo balde de água fria. Meu presente pra mim.
"Toma, Ana, lida com isso ou não lida já que é assim que você resolve." Eu nunca seco, só sinto o frio.
Lembro claramente de frases seguidas pelo meu nome que, metaforicamente, é a mesma coisa que se tivessem jogado o balde. Lembro porque nunca me sequei dessas frases. Lembro porque água não doía até então, mas agora queima.
De repente alguém aparece com alguma toalha.
Consigo me secar, mas o peito não para de queimar.
Contradição é meu complemento.

domingo, 15 de junho de 2014

Médio

Desde a Bíblia se questiona o morno, tem uma passagem lá que diz que deus te quer frio ou quente, mas nunca morno.
Na hora de se entregar a gente esquece de contar as doses, de ver o quanto cabe e despeja aos poucos o que a gente é.
E se você não esquece não acontece.
Acaba engessado no processo egoísta em que só você tem vantagens.
Ta bom, eu sei, eu nunca menti, mas foda-se, não interessa, ninguém quer e, muito menos, precisa ouvir isso quando tá ali se derramando, enquanto te oferece doses incontáveis e você só experimenta alguns goles.
E a gente se pergunta, mesmo assim, por que não consegue parar de dar esses goles? E eu me recuso a acreditar que seja para manter o copo sempre cheio. O corpo cheio. O ego.
Eu me recuso porque a gente vive tanta coisa nos sonhos.

E do médio eu só acho legal a expressão.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Teimosia.

Capricha no meu roteiro.
Capricha que eu tô com medo de tudo isso.
Puta medo de não amar mais, medo de fazer ainda mais mal para as pessoas.
Capricha no meu roteiro e me transforma na mocinha do filme, já que eu aceito sofrimento. Tá fácil.
Capricha, mas não me traz perfeição. É chato e não combina.
Não conserta meu olhar torto e me faz perder esse medo.
Capricha nos meus sonhos de modo que eu acorde com muita vontade de vivê-los.
Capricha e surpreende, porque desse jeito eu tô condicionada e previsível.
Não faz nada passar antes da hora, mas me promete que passa?
Promete que eu vou jurar amor para outra pessoa?
Promete que eu vou conseguir agradecer todo mundo que me fez ou me faz bem?
Me promete também que eu vou morrer antes de todo mundo que eu amo?
Deixa meus amigos ficarem por aí comigo ou que pelo menos haja despedida.
Ó, eu nem quero ser feliz pra sempre, muito menos viver qualquer pra sempre. Eu só quero sentir tudo, sempre que der.
Capricha no meu "agora" e não me deixa me importar tanto com o meu passado, mas de jeito nenhum me deixa viver uma vida linear.
Capricha sem capricho no sentido pejorativo que a palavra carrega.
Não precisa caprichar no meu sorriso, que esse eu sei soltar por aí. Só traz as pessoas para gargalharem ao meu redor, mesmo que seja de mim.

domingo, 25 de maio de 2014

Medo do escuro.

O escuro pode ser qualquer coisa sem luz, o desconhecido ou a projeção do imaginário. Alguém nesse trabalho novo que eu fiz sobre a noite disse que o medo é a nossa projeção do que tudo pode ser.
Pode ser.
Então, a fraqueza do escuro, dá medo.
Lembra do mito da caverna do Platão?
As pessoas tinham medo do claro.
O medo não é do escuro, mas do desconhecido.
E tudo está sempre ligado a solidão que o escuro traz.
O escuro pode acolher também, suas lágrimas, seus desejos, seus pecados. O que ninguém viu, ninguém sabe, só você. Então a gente esconde no escuro o que não quer mostrar.
Chorar no escuro com o rosto enfiado no travesseiro para nem você se enxergar, só sentir.
Como a gente vive na contradição, o escuro é isso também. É esconder o nosso e ter medo do escondido, do fora de controle do que não pode prever, como uma chuva no fim de tarde que faz da cidade um caos e das pessoas reféns. Reféns de toldos, guarda-chuvas, trânsito e saudade.
Como aquela parte mais profunda do mar onde não entra luz.
Fechar os olhos para mergulhar com medo da ardência posterior. Fechar os olhos com medo do desconhecido, mas isso também deixa tudo escuro.

"Do escuro, eu via o infinito"
Cazuza

sábado, 24 de maio de 2014

travei.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Manual de como te fazer feliz.

Avisa essas garotas ai que eu só quero que elas te façam bem.
Primeira coisa sempre deixe ela no controle ou que ela pense isso, se não conseguir, tudo bem, mas não tenta nunca controlar qualquer coisa relacionada a ela. 
Ela odeia gente que tenta controlar qualquer vontade dela, principalmente quando ela não tem vontade de nada. 
Segura na mão dela com toda força porque quando ela soltar vai ser pra sempre. Segura mesmo e diz que não se incomoda com o suor, porque não dá pra se incomodar com aquelas mãos tão macias. Eu acho que daria muita coisa pra segurar aquelas mãos com a certeza de que eram minhas de novo.
Na hora que entrar na casa dela, tire os sapatos e imediatamente coloque chinelos, se não tiver, peça um emprestado a ela. Ela vai adorar até essa atitude. 
Beije a boca dela sentindo a ênfase do lábio inferior e abrace a cintura que é uma delícia. 
Olhe bem nos olhos escuros e grandes dela e sinta o amor que vem deles, eu nunca vou me esquecer de como eu senti amor só de olhar bem pra eles. Ela consegue sorrir pelos olhos.
Mas não diga sempre coisas melosas para ela. Amor demais deixa ela entediada. Ela gosta de competição, de quando você chega trazendo um pouco de insegurança em relação a vocês. 
Ela pode parecer dura, mas da pra encontrar sensibilidade só assistindo qualquer filme triste com ela. 
Ela vai chorar, não ria, apenas a abrace e deixe as lágrimas molharem você. Puta que pariu, é muito bom acolher alguém que quase sempre é muito dura.
Deixe ela cuidar de você e deixe, por mais que doa, ela espremer seus cravos e espinhas. Isso deixa ela feliz.
Deixe ela fazer carinho e faça muito nela, use as unhas nos braços, mas sem unhas na cabeça. Sem movimentos repetitivos. Aliás sem nada repetitivo, isso desgasta muito ela. Ela tem fome de coisa nova. Eu percebi isso muito tarde. 

Faz ela bem por mim.
Faça ela rir, mas saiba ser séria também. Eu algumas vezes não sabia. 
Cozinhe para ela, sempre prestando atenção na qualidade dos alimentos, em não ter carne, claro, você já deve saber que ela é vegetariana. E sempre olhe se alguma coisa tem gordura trans. Evite gordura trans, evite pegar na pouca gordura que ela tem no corpo, a não ser que você queira irritá-la. Ela fica muito linda brava, mas não muito brava, porque aí ela vai te mandar embora e não vai suportar olhar na sua cara por algumas horas. Ela é muito, muito mesmo de momento.
Ah ela pode ser muito cruel quando quer, de te destruir por dias. Mas compensa muito quando ela se arrepende disso, claro que sem admitir, mas você vai sentir.
Depois do sexo, ajeita ela na cama, abrace, de um selo, puxe o cobertor e durma um pouco. Assim sem dizer nada, não precisa.
Não se preocupe se ela babar no seu travesseiro é sinal que ela se sentiu confortável e segura o suficiente para dormir tranquilamente perto de você. Se preocupe se ela se mexer demais a noite, é porque provavelmente ela está preocupada ou ansiosa com alguma coisa. 
Mas, principalmente, perceba. Perceba os sinais, o olhar, o sorriso, a tristeza, ela nunca demonstra nada muito evidentemente. Ela está nos detalhes. E isso é o mais gostoso. O amor dela está nos detalhes. O foda é o que o desamor também está, estava. 
No meio da noite acorde e dê um selo nela, ela vai acordar, fechar os olhos e se lembrar de mim.


quarta-feira, 26 de março de 2014

É tipo o mel dos olhos que ninguém sabe ao certo se é mel ou não.

De vez em quando derrama um tipo de mel que atrai alguém.
Talvez a simpatia meio infantil, talvez o jeito que amarra os cabelos castanhos no alto da cabeça. Talvez o sorriso tímido. Talvez a espontaneidade ou carisma.
Ou a falta de tudo isso.
Nunca entende porque, de tempos em tempos, alguém a segue por um tempo, com telefonemas, mensagens e elogios.
Uma pessoa qualquer, que ela troca 3 ou 4 frases, mas que a proura em rastros até chamar sua atenção.
Aconteceu de novo no último domingo. Não comove, mas o ego é o mal do século.
Alguém disse que ela tinha mel. E ela não acreditou. Até que falaram mais quatro ou cinco vezes. Continua não acreditando. E agora eu falo.
- Você tem mel. Um encantamento que só algumas pessoas conseguem enxergar, mesmo antes de te conhecer. Não é beleza, tampouco simpatia porque você nunca é simpática a primeira vista, é tímida demais pra isso. Mas lembra sempre disso, você tem mel.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Bolo de chocolate

Ela é aquele recheio do bolo de chocolate que as pessoas comem e deixam a massa.
Só que recheio demais enjoa.
E todo mundo só come o bolo depois que já está satisfeito com o prato principal.

segunda-feira, 10 de março de 2014

O fim começou como os finais costumam começar. Só faltou amor ou nem faltou. Chegou a hora de acabar.

Não teve texto, não tenho mais vontade de escrever para você. Acho que eu não gosto do que tudo se tornou. Ainda te encaixo no meu abraço, mas não no meu texto, na minha fala. Você não traduz mais o meu sorriso. E eu nem me sinto segura o suficiente para dormir do seu lado. Não é mais o medo de você não estar ali, é não se sentir bem. Não sentir.
Tento te abraçar buscando o sentimento guardado, que me acordou por várias noites, mas não está ali.
Confesso que me causa desespero, procuro enxergar o mundo todo em você de novo, mas ele fugiu da gente.
Choro porque o sentimento acabou, vejo regressão no seu crescimento e tenho saudades de quem eu amei. Saudade do que a gente era quando se amava.
Minha tristeza não é mais por você me abandonar, mas pelo abandono do sentimento que eu tinha por você. Assim devagar, deixando meu coração cada vez mais livre.
E, nessa estrada de uma mão só, nosso amor se encaminha para o fim.


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

“Aí você se dá conta que para voar é preciso tirar o peso dos ombros.”

Peça para alguém entrar no seu quarto de manhã, sem fazer muito barulho, para abrir as janelas, mudar algumas coisas de lugar, te cobrir até o pescoço e deixar a porta aberta.
Peça também para deixar seu corpo e copo de água cheio, sua bala preferida ao lado e um maço de cigarros na sua mesa de cabeceira.
Depois peça para alguém fazer um cafuné devagar, te acolhendo aos poucos até que arrepie seus pelos do braço e mexa com a sua pele. Peça para preencher sua carência.
Por último peça um beijo desacordado, um beijo calmo, sem muito movimento, mas que faça seu coração disparar.
Depois, não menos importante, peça para sair e te deixar sozinho.
Peça para alguém de trazer de novo a esperança, porque esse quarto escuro precisa de iluminação de novo.
Peça ao mundo algo novo, por favor.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Estou em um claro processo de desintoxicação.
E enquanto a maioria das pessoas acordam no meio da noite pelo calor, eu acordo com uma dor no peito, no coração.
Até que eu durmo de novo e lembranças invadem meu sono, se disfarçando de novos acontecimentos.
O progresso é não fazer nada com isso, só esperar passar. Não tentar de forma alguma voltar a zona de conforto antiga, mas encontrar a nova zona de conforto, que as vezes também aparece.
Não há nada de errado em demonstrar fraqueza.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Gargalhada de criança.

Hoje as crianças me emprestaram falta de preocupação e foi lindo.
Eu gosto de questionar as crianças, fico perguntando coisas que eu já sei para ouvir a explicação delas.
Na verdade, eu faço isso com adultos também.
Um dos diálogos de hoje foi sobre amor, o tema do blog e da minha vida com a minha irmãzinha, a Bia.

Bia: é do Léo?
Eu: Que Léo?
Bia: O Léo!
Eu: Não sei, que Léo?
Bia: O namorado da Tata.
Eu: Ah! Mas o que é namorado?
Bia: Acho que você não foi pra escola nem pra faculdade nada, porque você fica perguntando tudo.
Risadas.
Eu: Mas o que é?
Bia: Namorado é amor, ué!
Eu: E o que é amor?
Bia: Aii, Lu, chega!

E correu de mim.

Eu: Volta aqui, mano.
Bia: Por que você fala mano? O que é mano?
(Geminianos invertem a situação desde criança)
Eu: Mano é gíria.
Bia: E o que é gíria?
Eu: Gíria é mano.
Bia: E o que é mano?
Eu: Mano é gíria.
Bia: E o que é gíria?

E seguimos nessa brincadeira do Chaves até o infinito. Enquanto ela gargalhava porque eu entrei na brincadeira dela. E vai ser sempre assim, essa troca, eu faço ela rir para ouvir a gargalhada dela.




quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

"A eternidade ordena a ti que esqueça"

Desculpa todas as vezes que eu te pedi pra ficar, não dava para você. O amor faz parte do movimento, assim como o vento. E a gente sabe que os ventos mudam. "Vamos seguir em frente, bebe."
Essa vida só tem sabor se a gente provar, do que adianta tanta coisa se as pessoas se prendem por anos em momentos? De que adianta o amor sem o sofrimento? E os beijos escondidos, os cheiros, as batatas, os programas da discovery, a batidinha na pia com a escova e perceber que a pessoa está rindo só olhando nos olhos dela? Por que eu estaria agora transbordando se nada valesse a pena?
Eu com essa minha dificuldade de deixar as pessoas irem estou conseguindo, então eu sei que você também consegue. Me deixa ir, que eu quero ser feliz. Não me pede para ficar nesse meio termo, porque você sabe que eu sou intensa demais para viver a sua metade.
Nas ondas desse litoral que você vive, enxerga o nosso mar, nosso a(amar). Indo e vindo. É, definitivamente, nossa hora de deixar o amor ir.
Respira esse último vento, que acabou nosso momento.

Pela última vez eu vou te fazer chorar, derramar lágrimas de amor por alguém que já não ama.
Pode mentir para o mundo inteiro dizendo que já sentiu isso, que vai passar, que é só uma questão de tempo, mas eu sei que não é bem assim. Essa sua mania de parecer indiferente com tudo eu nem acredito. Eu te conheço mais que todo mundo. Foi comigo que você passou tardes, noites, madrugadas e manhãs deitada, entrelaçada contando sobre tudo e todos. E como eu conseguia te fazer se abrir, driblei seu orgulho e conheci suas fraquezas, você sente sem querer sentir. E você me sente não querendo sentir. Carinho e saudade. Odeia a falta que eu faço. Quis cuidar de mim sem me levar para casa. Teve medo de me levar para casa e não conseguir vestir a armadura. Me deixou a mercê até eu perceber.
Esse texto é para ser lido daqui alguns anos, quando você se martirizar por não ter entrado naquele metrô comigo, já que a sua vida está vazia e a minha preenchida. Eu te amei por quase todos esses anos, mas você conseguiu o que queria.
Meu amor morreu depois de me matar algumas vezes.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

“As pessoas pagam por aquilo que fazem, e ainda mais pelo que permitiram se tornar. E pagam por isso de uma maneira muito simples: com a vida que levam.”

Primeiro livro de 2014 - Perdão, Leonard Peacock de Matthew Quick.

Livro em primeira pessoa, que você se sente como um amigo do narrador.
Leonard Peacock é um garoto suicida, mas que não se mata.
O suicídio nunca esteve distante para mim, muitos dos personagens que eu escrevi são suicidas.
Eu não tenho vergonha de falar isso, porque as pessoas pensam toda hora que essa pode ser uma solução. E para algumas delas talvez seja em determinado momento. Até não ser.
Não é só porque ele não fez uma coisa terrível, que estava prestes a fazer, que aquilo era pouco ou drama.
Não é.
Não é pra mim.
Nem foi para o Leonard.
Não falo especificamente disso, mas de coisas que tem significados diferentes para algumas pessoas.

"Normal para a maioria das pessoas, mas extraordinário para nós" Pág. 214

Só que algumas coisas não valem a pena.
Tem muita coisa para viver, se apegar.
A vida melhora.

"- Minha vida vai melhorar? Você acredita mesmo nisso? - pergunto, embora eu saiba o que ele vai dizer, o que a maioria dos adultos sente que precisa ser dito quando lhe fazem essa pergunta, embora a enorme quantidade  de evidências e experiências de vida sugiram que a vida das pessoas fica cada vez pior até eles morrerem. A maioria dos adultos simplesmente não é feliz, isso é fato.
- É possível. Se você estiver disposto a fazer com isso aconteça.

- Acontecer o quê? 
- Não deixar o mundo destruí-lo. Essa é uma batalha diária." Pág. 187

O ser humano é um recipiente cheio de pequenas divisórias que tem limite para receber qualquer conteúdo.
Quando cada divisória chega no limite, a gente transborda tanto, que quase não se acostuma com o vazio.
O vazio faz parte do processo.
Não adianta misturar conteúdos é preciso esvaziar tudo para se encher de novo.
A tristeza faz parte da superação. Super ação.
O Leonard se sentia vazio, até o dia que o amigo transbordou por ele.


Como diz o autor nas últimas linhas do livro: "Para os meus amigos íntimos - e vocês sabem quem são - obrigado por me salvar um milhão de vezes".










domingo, 5 de janeiro de 2014

Abre alas que a Lara vai passar.

Ontem, dia 4 de janeiro de 2014, minha sobrinha nasceu.
Eu ainda não consegui segurá-la, mas é inexplicável como o amor nasce junto.
Um amor puro, de família, como se o amor pelo meu irmão duplicasse.
A gente se sente maior no mundo com um bebê no colo ou um sorriso de criança.
Ontem mesmo minha irmãzinha estava deitada na minha cama e só de vê-la dormir, eu respirei amor.
São por esses momentos que vale a pena viver.


E, bom, todo mundo sabe que 4 é o dia e mês do meu aniversário.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

"Há um livro em cada um de nós"

Puta que pariu, crescer cansa.
Dói, destrói, te faz em pedaços.
Crescer é um segredo que a gente não conta para ninguém, mas mostra o resultado.
Crescer não é parar de brincar, mas saber a hora de cair e levantar sem ninguém. De acreditar em si.
Machuca, mas cura.
Crescer não é só idade nem vaidade.
É também ter saudade.
E lembrar.
A melhor coisa do mundo é a lembrança, que tem a capacidade de te fazer feliz e triste a qualquer momento.
Crescer é ter mais controle e as vezes se descontrolar.
É aprender que as coisas acontecem e pronto, que tudo é um ciclo.
Crescer é aprender apreciar todas as fases da vida, aprender com a tristeza e  alegria.
E saber viver cada coisa no seu tempo, cada segundo, cada decepção.
E, principalmente, entender qual o papel das coisas dentro da vida, a ponto de saber a hora de cortá-las da gente.
Crescer é saber dizer adeus.