terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Feliz ano novo

Eu descubro a cada ano como é viver. Viver é amar e (se) foder.
Arder, brigar, beijar, abraçar, escutar e falar falar falar e falar.
Viver é se decepcionar só por viver. Conquistar e perceber que não conquistou foi nada. Que eu sou o mesmo vazio desde o começo. A única coisa que fica é o lembrar, o aprender e a dor.  A dor não é tão passageira quanto o verbo doer.
Viver é juntar todos os verbos dentro da gente, é ter medo do escuro e pedir para alguém deixar a porta aberta e a luz acesa.
Não responder porque esperava uma pergunta melhor. Viver devia ser melhorar. Talvez eu não consiga, porque viver e crescer é falhar, é se doer, chorar muito e errar.
Acontecer é aquilo e pronto, só da para carregar mesmo igual mochila pesada que a gente já levou e não pode abandonar.
Viver é abandonar e ser abandonado. Presta atenção: ser abandonado. Não vai ter o que fazer e não há ser humano que aprenda a viver com abandono, seja da mãe, do pai ou de alguém que ama como amor romântico. E todas as outras coisas que nos deixam pelo caminho como mochila vazia.
Viver é deitar para dormir e sonhar. Acordar para a vida e desejar ficar nos sonhos. Ou fugir, fugir do medo de encarar sem entender que fugir já é enfrentar só que para o lado oposto.
Viver é dormir mal, acordar de ressaca e se apaixonar por quem a gente não queria.
Viver é fazer amigos e perdê-los também. Fazer mal e querer bem.
Viver é não saber dançar a dança dos outros e dormir sozinha no chão do quarto. Viver é rodar pelo mundo e por todo mundo. Girar a cabeça e esquecer.
Transar e esquecer nomes. Beber demais. Chapar e se cansar.
Eu estou tão cansada, eu ando cansada. A gente cansa da gente mesmo, cansa do tempo que ao mesmo tempo que passa rápido ele não passa nunca.
Viver é querer morrer sem saber o peso disso. Viver é aceitar mortes, mesmo que seja do seu cachorro e melhor amigo.
Viver é sentir. Meu deus, como eu sinto. Eu sinto tanta gente, tanta coisa, tanto medo, tanta coragem, tanto gosto e cheiro. Eu sinto saudades do que eu era nos outros anos de como eu aplicava essas minhas doses de viver.
Viver é trair e se coçar, viver é deixar pra lá sem ter deixado. Acordar no meio da noite e pedir colo.
Viver é a melhor lição de casa.
Viver é gargalhada sem ar e choro sem mãos no rosto.

Viver é esquecer o que estava fazendo e parar no meio d



segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

(2015)

Nem tudo que passou, eu deixei ir.

Nem tudo que eu não me lembro sempre, eu esqueci.
O amor vive errando, ele vive parecendo possível. Vive parecendo "meu" amor, mas é só amor.
E não ter posse de algo, que a gente já guarda dentro, dói.
É como aquela rachadura no quintal da minha avó sempre que a chuva se faz tempo eu vejo escorrer água, vejo vazar.
Teve uma vez que a água nunca voltou, você também nunca volta, isso pode até ser o melhor para tudo que a gente vive, mas a saudade fica feito a chuva dentro das paredes (você) sendo sempre meu parênteses. 


domingo, 20 de dezembro de 2015

Dezembro

No primeiro gole de cerveja dessa semana, que fez muito calor, o líquido mergulhou e eu senti ele entrar por dentro, senti molhando meus órgãos diferente do molhado que guardo no meio das pernas quando aquela garota quase me beija. Quase tudo sempre. O quase é pior do que o acontecimento, porque ninguém esquece o quase.
Foi quase, meu quase amor.
A gente chegou tão perto de se cuidar que se descuidou.
Me mergulhei  de cabeça no claro dos seus olhos como quem mergulha em águas claras sem saber que elas também guardam coisas que machucam. É que até o transparente, o claro e o sincero machuca.
No último gole de cerveja dessa semana, que choveu muito no sábado, meu corpo já se sentia exausto e eu me perguntava aqui dentro "será que eu consigo te esquecer?"
Esse ano quase que não teve amigo, mas teve quase amor secreto.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

como de costume

me acostumo


todos os dias a comer toda a salada pensando no arroz  feijão do pf aqui perto.
ouvir várias canções esperando o shuffle me presentear com aquela que gosto mais que todas que já me tocaram.
depois ouço quase a música toda esperando a parte que me conta sobre elas, todas elas que me fazem endereçar melodias.
de noite bebo cerveja, catuaba e fumo o que tiver querendo mesmo ser tomada apenas pelo escape que eles me proporcionam.
e depois de te procurar em todos os aplicativos do celular te encontro no último pensamento do dia, vai que a vida me faz sorte e eu te encontro como um bilhete premiado dentro dos meus sonhos tão estranhos quanto eu?