quinta-feira, 26 de março de 2015

Quantas palavras eu gastei tentando te dizer?
É que agora eu já não quero dizer mais nada,
meu coração, coitado
despedaçado
mostra em cada traço
minha saudade
desculpa o atraso
é que cansado
fui parar no espaço
junto com os meus pensamentos
separo espaços
e desenho mais traços

quarta-feira, 18 de março de 2015

Dias.

Tem dias que meu quarto fica gigante e eu pequena.
Eu me recolho, me aperto no canto da cama e me encolho.
Misturo o monte de verbo e rasgo dentro de mim.
No escuro olho pro teto pra ver se te acho, mas só sobraram as estrelas de quando eu era criança.
Lembro de você assim
Deitada de lado
No encaixe do meu abraço
No meu travesseiro me afundo e peço desculpas para o mundo, meus problemas são tão pequenos quanto eu.
Coloco os fones e procuro uma frase ou acorde que me leve dali que me acorde para a vida, que me leve para aqueles dias tranquilos onde eu quase me esqueço como é ser triste.
Até que adormeço no meu berço, a minha cama se ajeita e eu agarro minha coberta que serve como proteção.
Protege do frio o coração.
É na cama que as melhores coisas acontecem de verdade.
Tem dias que eu acordo e me sinto gigante
Meu sorriso não me abandona

Transborda
Abro as janelas e a porta
Me sinto disposta

É que eu sempre gostei mais dos dias do que das noites, do sol do que da lua.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Março

Meus amigos todos conhecem meus cochilos esporádicos. Apenas 5 minutinhos e já vou. Eles dizem que eu bebi demais, extrapolei, mas eu passo a semana toda batendo cartão, levando meu cachorro pra passear e vendo série, no final de semana eu quero sair por aí, beber demais, fumar demais, rir até doer só esperando o vazio da semana seguinte. Eu fiquei mais exigente com a felicidade. E menos exigente pra soltar meu sorriso e carisma. Porque carisma todo mundo tem, todo mundo vive. Cada pessoa é um universo que te atrai de alguma forma, nem que seja por um olhar.
Amanhã começa meu inferno astral, é março e estou mais magra, às vezes minha cabeça dói muito. 

Eu tenho preguiça de ler notas de rodapé, mesmo quando elas são interessantes, é que se fossem tão relevantes assim não precisariam de rodapé, estariam no meio do texto formando em palavras a explicação das coisas. Tem sido difícil focar na essência dos livros mais ainda nas notas de rodapé, assim como a relação com as pessoas. 
Me aprofundo pouco e me afundo sozinha no meio do mar na quebra das ondas. Por mais que falar "tem sido" seja duvidoso e pouco confiável.
Talvez eu seja pouco confiável, é que meu querer é muito instável. De quem não é?
Essa semana eu vi um documentário muito bonito sobre amar e uma palavra não saiu da minha cabeça, ame.
Ame.
e
a.m
só ame.
Eu guardaria alguns sabores em caixinhas. Mas já tá guardado no mesmo lugar que fica o amor.
Março começa com mar então é imenso, impressível e antecede o chão de areia que o tempo me dá quando chega abril, onde eu cravo mais pegadas aumentando um ano na minha contagem de vida.
Eu pulei fevereiro* esse ano porque eu estava muito ocupada e sem inspiração, como se eu não quisesse me lembrar daquilo que é a única coisa que eu sei escrever: você.
2015 é um ano bom, ano ímpar eu sempre escolho ímpar naquela brincadeira, mas eu acho que eu só sei viver em par ou a par.
Emoções são cansativas.
E depois do último trago eu sempre te trago.




*Fevereiro
Declarei meu amor publicamente, toda impulsiva e arrependida no próximo dia como sempre.
Nadei na multidão e mijei pelos cantos.
Aprecio a fantasia que é o carnaval dos pés a cabeça. Do abraço, selinho, suor e, claro, o batuque.
As meninas e seus truques.
E a gente dança no ritmo da cidade.
Canta bem alto e encanta fácil.
A minha São Paulo nem parece a mesma, ninguém tá atrasado para o trabalho e nas ruas não passam carros, só blocos inteiros de gente e muita música.
Mas, meu deus, eu bebi demais, de novo e de novo e de novo. Não devia ter falado isso nem feito aquilo. Chapei. Melhor cigarro da minha vida e que falta de ar no outro dia.
Minha mãe me ligou e meus amigos riram de mim. Chega por hoje.
Que menina bonita, acho que ela tá me olhando,
E essa quarta-feira ta cinza como cigarro que bato e depois me bate.