domingo, 20 de novembro de 2011

Próxima Parada

Estacionei.
Essa garagem me parece quente o suficiente para abrigar meus choros no travesseiro e meu medo de escuro. Você sabe que estou aqui. Esperando. Que aceitei o mundo, a queda, aceito o medo de escuro e o silêncio que faz quando a gente fica, espera, estaciona.
Meu estômago não sossega e eu sempre com essa vontade de vomitar.
As pessoas choram, eu vomito.
Também não é assim, sabe. Mas dói. O amor é lágrimas. Involuntário.
O mundo é involuntário. Vem, invade, pede. Blablablá.
Eu estacionei nessa garagem esperando você entrar toda imperativa, me dando alguma ordem que eu cumpro com o maior prazer. Prazer só de fazer alguma coisa pra te esperar, te obedecer, amor.
Eu estacionei, fiquei e você continua indo. Não vai.
E de noite eu espero, mesmo sabendo que você não vem, só pra ter saudade...
Mais vontade.

Enfiou o rosto e quase a cabeça toda no travesseiro e chorou. Só isso. Se é que chorar seja considerado "só".

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Balões.

Os dois eram o desencontro, que as vezes se encontra disfarçado de acaso e descaso.
-Saco.
Ele pedia para o destino colocá-la no caminho dele uma outra hora.
- Bêbados em alguma rua da Europa.
Ele sempre acordou de manhã com medo dessas expectativas  que as pessoas tem de si. Acordar com o mundo nas costas pesa.
Ela acordou hoje, dia de envelhecer, todos os dias são. Olhou na janela, deixou aberta para entrar a luz e trocou todos os móveis do quarto dele de lugar, mudando a vida.
- Eu nem sei muito o que te dizer. Eu pertenço a outro colo, outro carinho.
A história deles era tão complicada que até parecia amor. Sem explosão. E sem amar, só aquilo de querer sem muito saber o motivo.
-Tire esses olhos das minhas esquinas!
No mais, minha gente, "essa cidade não tem mar" e eu não sei escrever.
- Um dos prazeres poucos divulgados é esse de ver um rosto muito perto.

sábado, 5 de novembro de 2011

É preciso acreditar no amor, amando

Essa noite me apertei um pouco na minha cama, imaginando que estava dividindo um pedaço do que é meu com você, como a gente faz. A gente se faz. Eu acordei e senti que faltava algo pela manhã, talvez  um livro novo para ler ou aquele seu beijo de bom dia com os olhos cheios de sono.
E você pode até achar  exagerado como eu quero estar sempre perto, mesmo estando longe.
E você pode até achar engraçado  essa vontade que eu tenho de tornar tudo a minha volta lírico, bonito, mesmo que seja preciso transformar em dor. Te colocar como a minha idealização, paixão. E eu sou mesmo de colorir meu mundo, de desenhar meu mundo impossível.
Você é meu impossível brincando de ser possível. Meu pedaço de cama que sobra(impossível) e as vezes se preenche(possível).
A respiração que as vezes dorme na minha nuca, e os pés quentes que esquentam meus pés gelados.
O som que você sopra muda meu futuro.
Ah que saudades.
Será que você tem alguma ideia do que eu penso quando a gente não está tão perto?
É que é tanto amor, que eu já não me sinto vazia.

Bola branca.

- Viver  e não ter a vergonha de ser feliz, nãnãnããããã...
- Você devia aprender antes de cantar.

- O bolo tá pronto?
- Acho que sim, só o tempo dele esfriar.
- Olhou pra lua hoje?
- Eu sou míope.
- Porra e não enxerga a lua? - sorriu - É cega então.
- Não, é que tô bebada também.
- Tá cheirando.
- Tô cheirando bêbada?
- Não, o bolo.
- Ah sim, é de chocolate.
(silêncio)
- Mas o que tem a lua?
- Quando eu era pequena eu subia no telhado para ficar vendo a lua e planejava modos de chegar até ela. 
- E conseguiu?
- Uma vez. Eu não vejo a lua todos os dias, sabe? Mas sei que ela está lá. Acho que é porque tem muitos prédios na frente.
- Por isso é inevitável ver a lua na beira da praia.
- Deve ser.
- Como você fez pra chegar na lua?
- De escada rolante, sem pressa de chegar, sem ansiedade
(silêncio)
- A subida é longa, mas é tão bonita que não cansa.
- É bonita e é bonita.