segunda-feira, 21 de maio de 2018

Um mês depois

Porque às vezes eu me achava linda,
linda e enxergava você ali me olhando.
Ou beijando o corpo,
os peitos  (escrevi seios e apaguei, prefiro Peitos)
e a nuca.
Às vezes eu me achava feia mas te achava linda.
Às vezes você acordava com a cara muito inchada,
os olhos pequenos e um puta dengo.
E eu sabia que era exatamente ali que eu queria estar,
seja qual cama fosse, qual cidade fosse, o espaço era blur.
Porque às vezes eu era segura
e no mesmo dia muito insegura.
Não adiantou de nada porque hoje eu perdi.
Nem valeu ficar aflita por insegurança
se era uma coisa inevitável e aconteceu.
Porque você disse, da última vez,
“será que zerei a Pacheco?”
- não, meu amor, porque nem eu me zerei, eu sou mar,
eu sou S sem fim, variação de humor, gentileza
e praticidade.
Eu mudo o tempo todo, mudo de lado, de caminho,
de sentido e de eixo.
E com isso eu aprendi que a segurança tá aqui
com ou sem tu. Dentro de mim, onde eu cresço a
cada choro e a cada sorriso.
Tem uma coisa que sempre fica,
mesmo aos pedaços, meu coração, florescendo.
Porque eu cheguei naquela rodoviária
me achando linda, triste e perdida.
Não me achei ainda, mas cada dia me procuro de um jeito
diferente.
De um jeito eu me seguro.

(texto tirado do bloco de notas e escrito no metrô entre
 as estações fradique coutinho e luz da linha amarela
do metrô paulistano no dia
17 de maio de 2018)