domingo, 3 de outubro de 2010

Fundo.

Sabe o que eu realmente queria? Que meu carro tivesse um tanque cheio de gasolina e que eles me largassem em uma estrada sem fim, para eu acelerar com toda força.Mas não funciona assim, essa estrada sempre tem um limite. E a gente pisa em um pedal para acelerar  e para frear tem que pisar em dois.
Eu fico olhando todas essas luzes vermelhas e brancas no trânsito e penso que todas essas pessoas não são felizes.Por que ninguém avisa que quando a gente cresce o mundo traz o monte de angústia pro nosso coração?
Mais que isso, o monte de dúvida pra cabeça.
Desde criança sempre faltou alguma coisa para mim. Eu nunca quis planejar minha vida e hoje ela se tornou igual a todas as outras pessoas que planejaram.Trabalho, Faculdade e lazer aos finais de semana.Comendo exageradamente com a família aos domingos.Hoje eu faço parte do sistema. Desse local social, em que cada um tem a sua função.
Sexta eu estava andando pela Av. Paulista  e tinha um tom diferente no meu andar, uma responsabilidade que deixou minha coluna até um pouco curvada. Um peso enorme de quem tem que acordar no dia seguinte e cumprir horários dos outros. O dia estava cinza e meu telefone tocou algumas vezes, mas eu não atendi.Não queria ouvir a voz de ninguém que eu conhecia, queria viver o peso do momento.
Eu quero tudo e não quero nada.
Na sexta eu te queria, no domingo, não mais.
A vida é dura e nem um pouco justa.
Eu queria uma estrada só minha, um ponto de partida que fosse o mesmo de chegada, para andar em circos e viciar num ciclo.
Mas esse buraco não tem fim, ele é ruim porque é a angústia de cair e não ter onde chegar.

3 dizeres:

Marcel Hartmann disse...

Essas reflexões sobre o nosso dia a dia PÓS-MODERNO são sempre as melhores partes.

alana p. disse...

que criatividade hein garota? Arrasou. Quem não desejaria encher o tanque de gasolina e sair o mundo a fora sem nenhuma responsabilidade ou sem nenhum dever?! parabéns, gostei muito. bjs

Anônimo disse...

"Mas esse buraco não tem fim, ele é ruim porque é a angústia de cair e não ter onde chegar."... ana no gerundio