quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Coisa pouca

Poucas lembranças são tão boas como as vezes que eu acordava e te via acordada, cronometrando o tempo de sair.
A blusa preta, a boca carnuda, o cheirinho de manhã com perfume e o casaco na cadeira do computador.
Era cedo, mas eu não podia te pedir para ficar, então a gente reservava cinco minutos, eu do meu sono contínuo e você da sua rotina quase cruel. Cinco minutos de combustível para o resto da semana. Era quase suficiente, mas o que preenche mesmo é ver quem a gente ama sair, mas não ir embora.
A permanência é o "ganha pão" dos amantes, do ficar ao ir.
Poucas coisas são melhores que continuar dormindo enquanto alguém tem que acordar, né?