Eu nunca fui corajosa, nunca mesmo. Teimosa sim, bastante. Corajosa não, tenho medo. Não durmo em casa sozinha, não mato barata, cago de medo de andar no centro de São Paulo e pouco me arrisco diante do perigo. Além disso não vou em montanha-russa e não gosto de parque de diversão.
Hoje me vejo corajosa, nadando contra corrente não só para exercitar todos os músculos que sinto, mas porque é preciso. Alguma hora da vida a gente precisa arrancar o medo da gente, não todos, porque faz parte da sobrevivência, mas renovar os medos. Durmo sozinha, ando sozinha, chuto a barata e estou pensando em pular de bungee-jumping aqui em Auckland (mentira, não pulo nada).
Eu sinto como se a terra estivesse girando contra o lado que eu estou seguindo. Obstáculos que dificultam mais a minha travessia contra a covardia. E isso é bom.
Vivo o futuro de uma terra que não girou.
Vivo o futuro para sobreviver no presente.
Mas vivo, e viver é tomar iniciativas antes que o tempo passe.
Passou
passado é.
Mas será que "é" não pode ser passado?
Será.
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Há 2 anos
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