Minha mãe disse que dá para saber que eu estou doente pelos meus olhos.
É que minha mãe já me viu chorar por quase todos os motivos que eu já chorei, por quase todas as dores que eu já tive desde aquele choro que eu chorei por nascer até o choro que eu choro toda vez que eu tenho que crescer e ninguém pode me ajudar.
Ninguém cresce pela gente, na melhor das hipóteses, cresce com a gente.
Você confia em quem te vê chorando.
Chorar é deixar o corpo nu, só dá para colocar as mãos no rosto e se deixar molhar, feito chuva penetrando guarda-chuva.
Tem gente que coloca a mão na boca para sorrir, eu gosto de sorrir com os olhos também, identifico amor por isso.
Identifico amor em quem me olha diferente enquanto sorri comigo.
domingo, 29 de novembro de 2015
Quem acha vive se perdendo
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
dois em um - marcelo camelo
Cada qual para o seu canto. cada um pro seu lugar nenhum. não há nau que zarpe em bando. não há mal que santo cure em par. não há razão pra sermos dois. Cada um com seu tamanco, cada um pro baile que quiser. Toma o teu sapato branco, dá minha fantasia de mulher.
Mas vai, razão, me diz porquê. Por quê razão? Por quê nenhum
- Pois não, razão, me diz que não
Mas há razão pra
sermos dois
em
um.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Novembro
Eu ia tentar dormir, juro que era o que eu queria. Mas essa brisa leve que entra pelo canto da janela, essa melodia que sempre me traz você, essa voz doce dentro do meu fone.
Como seria seu beijo de chegada agora?
Quando o nosso fim chegou eu lembro de chorar pensando que nunca mais veria você da janela descendo as escadas do meu condomínio enquanto mexia nos cabelos, lembro que chorei porque você tinha dormido com uma camiseta minha e ela ainda tinha o seu cheiro ou o nosso cheiro.
Será que eu ainda me lembro dele?
Agora eu escrevo isso com dor no peito e meio sorriso no rosto.
O mesmo rosto que já foi tão diferente por você, que já foi todo seu. O mesmo rosto que já te endereçou várias reações.
E se essas minhas sardinhas falassem o que elas te diriam?
O legal de tudo isso é que eu tive que lembrar de você, não te esquecer. Essa troca diz muito sobre a condução da minha vida agora.
Eu poderia chamar esse novembro de doce. Poderia encerrar seu nome por aqui. Encerrar esse amor que me parou tanto tempo no mesmo ponto.
É que, Vida, eu peguei outro ônibus agora e ele não tem mais o seu endereço.
Mas eu acho que tem coisa que a gente não esquece mesmo e eu nem sei mais onde você mora.