A gente já sabe que o mundo gira, girou. Dentro do ciclo rápido do metrô a gente se viu, não foram só os olhares que se cruzaram, foi a mente também. Então a gente mente. Diz que não viu, diz que passou, mas os olhos denunciam, nossos pensamentos se roubaram. Transcenderam. Cederam.
O tempo passou e agora com algumas cervejas já é possível te esquecer. Não só isso, concreto também.
Eu sou como aquele vagão de metrô que, de tempos em tempos, lota e esvazia. Abre várias portas de uma vez e depois fecha tudo ao mesmo tempo. Tô o tempo todo andando pelos mesmos lugares variando o tempo de parada. Variando qualquer parada.
As garotas me cobram sempre a mesma coisa. Atitude, vontade. E conjugam sempre o verbo "querer". Mas eu sou assim, instável.
Meu sorriso é um cartão postal que tem até dobra, lembra?
Não tem problema, eu lembro.
Novembro.
Eu tô te roubando o direito de me esquecer por ter sido o melhor dos seus dias. Eu te roubei aquele dia, mas não quis ficar com você pra mim, porque não cabe mais. Meu vagão tá lotado.
Meu vagão não tá vago.
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Há 2 anos