terça-feira, 27 de dezembro de 2016

2016

 - toma! come da minha comida
e
me conta alguma coisa
que eu ainda não sei

Parece que tudo foi feito para me enganar. E eu deixo.
é o que eu penso nessa última terça do ano (as terças podem se inverter - Não) eu vou variando e aprendendo. Idade não diz muita coisa. Me faço jovem e velha a cada ano que passa.
Paquero garotas na orla da praia.
Depois de minutos quero ficar em casa com a minha TV, meu café e minha menina.
A gente envelhece tomando posse das coisas se apega aos objetos de valor emocional ou as músicas no ipod. Que música a gente te lembra?
Coleciono amores de uma noite só e muita saudade.

Meu corpo se desenvolve em segredo, hoje crescida, enxergo a descida do alto.



sábado, 17 de dezembro de 2016

cê tá pronta?



Você acha que sabe alguma coisa, mas não-sabe-de-nada.
Você não sabe nadar
do primeiro andar e no andar até o mar
se o mar quiser ele te leva, depois devolve
toda mexida
se o amor quiser ele te desenvolve
depois te entrega para a beira
te faz nascer de novo
aí você bebe uma água
constrói castelos de areia
guarda uma concha quebrada
e volta para o mar
toda pronta

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

perfeitos dos pés ao coração


Tipo quando a gente vicia numa música, fica na cabeça e você meio que só quer ouvir aquilo.
Não, é mais que uma música, é um artista que a gente descobre se apaixona por uma música e vai descobrindo outras músicas e álbuns, se apaixonando por letras melodias, palavras que só saem daquela boca. E quando a gente acha que conhece tudo que dava, o artista lança algo novo que te faz derreter mais e mais e entrar naquilo e a gente acompanha e cria memórias com as musicas, abre espaço na vida e deixa aquilo entrar.

É assim que eu me sinto com você.

(Só que melhor, porque além de tudo a gente gosta das mesmas músicas dos mesmos álbuns e eu fico pensando que deve ser uma sensibilidade parecida que nos aproxima)


Todos eles. 

Cartaz para o meu quarto


Trago pessoas não amadas e as amo a noite inteira

Cartaz para o quarto

Tem você em (casa) cada canto de dentro pra fora

E de fora pra dentro

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Coisa pouca

Poucas lembranças são tão boas como as vezes que eu acordava e te via acordada, cronometrando o tempo de sair.
A blusa preta, a boca carnuda, o cheirinho de manhã com perfume e o casaco na cadeira do computador.
Era cedo, mas eu não podia te pedir para ficar, então a gente reservava cinco minutos, eu do meu sono contínuo e você da sua rotina quase cruel. Cinco minutos de combustível para o resto da semana. Era quase suficiente, mas o que preenche mesmo é ver quem a gente ama sair, mas não ir embora.
A permanência é o "ganha pão" dos amantes, do ficar ao ir.
Poucas coisas são melhores que continuar dormindo enquanto alguém tem que acordar, né?

sábado, 5 de novembro de 2016

Novembro

queria acender um cigarro, ver a chama queimar, tragar até acabar.
espero que você esteja bem. faz frio e espero que alguém esteja te esquentando como deveria. Não só a pele mas o coração, te contando todos os dias o quão maravilhosa você é, seus cabelos claros nos dias de mais sol. Como era radiante em dias de sol.
Eu te contei que estou escrevendo mais? Mas não publico, é que quero publicar tudo junto, talvez um livro, talvez mais um arquivo de word esquecido em alguma pasta do meu computador.
Por que a gente fala "faz frio e tá frio?" Frio é estar ou fazer? Dentro do meu coração tem tanta gente que fez e virou um ser. Ou não tanta gente assim, eu nem deixei chegar. Tem uma barreira de feridas e insegurança.
Vê se aparece por lá, você me florece, mas até de você eu ando esquecendo. Aparece a gente fuma um e ri do pessimismo do mundo.
quem sabe você me dá um cigarro do seu maço, é que eu quero parar, mas só de comprar. Não, não é pra economizar. Talvez pra economizar vida.
economizar o tempo enquanto eu espero você aparecer.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

outubro

O tempo é híbrido. Pode ser instantâneo, pode ser demorado.

A vida vai até onde quer, não há teimosia humana que a faça ficar onde ela quer seguir.

Eu quis ser homem ao mar.  Nadar até uma ilha que eu ainda não descobri em mim. Maré viva.

Pedi permissão para pular fora do barco e, enquanto me preparava, vi os piratas roubarem os sonhos e o tempo dos meus amigos.

Peguei, então, carona em um fim doloroso.

É Renato, também posso dizer, os meus amigos todos estão procurando emprego.

Eu quis ser homem ao mar, mas eu nunca quis que o barco afundasse antes que a gente pudesse firmar os pés na areia.

bururu

Ela tem esse cheiro de coisa doce, esse sorriso que tem textura, tão bonita, tão feliz.
Eu nem me aproximo muito que é para não estragar tudo que tem de bom nela. Mentira, eu nem largo.
Dona de uma simpatia palpável, uma delícia na voz e muito charme quando me chama só pelo sobrenome.
Olhar de gentileza e de brisa parecido com o meu, "brisar" tem sido meu alicerce, dedico minutos pensados escrevendo as mensagens mais gostosas que eu já escrevi. Com ela eu posso ser exatamente aquilo que sou, aquilo que tampouco eu sei o que é.
Não existe distância para aquilo que a gente vive na alma.

Essa madrugada eu tive febre, transpirei pelo pescoço, senti frio também.
Sonhei com você também, era um reencontro desses que a gente evita ter. Seus cabelos cresceram, né? Os meus também.
Não era nada romântico nem sobre voltas, mas eu lembro que meu olhar era diferente meu sorriso já estava ali frouxo pronto para sair. Seu. O melhor de mim sempre foi seu.
Essa madrugada eu tive febre de saudade.
Amor é quase uma doença crônica.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor eu amo o calor  até que o inferno me corrompa

domingo, 25 de setembro de 2016

mar de setembro

Há quem nade no raso, onde é possível firmar os pés, mesmo que na areia movimentada
os que vivem com água na canela
os que vivem com água no joelho
os que vivem com água na cintura
os que vivem com água no pescoço
daquele jeito que precisa levantar o rosto para respirar.


E tem a gente, minoria, que aprendeu a nadar antes de ter firmeza e vive o fundo nadando contra todas as marés só para ser quem é.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Dia dos irmãos

Eu já nasci sabendo dividir.
Dividindo espaço, colo, carinho, quarto, bronca, tarefa não que nossos pais nunca cobraram isso da gente.
Minha família é grande já fomos em cinco nessa casa.
Desde que eu me entendo por gente, lembro dos meus irmãos. (Tenho plena convicção que eles me ajudaram a me entender por gente). Caçula, que eu era, tinha dois irmãos mais velhos com quase a mesma idade. Todos filhos de mãe canceriana e pai leonino, um equilíbrio que nos ajudou a saber explodir e refletir sobre isso depois.
Lembro dos meus irmãos vivendo tudo que eu achava que tinha que viver até perceber que meu caminho era só meu.
Lembro de tentar seguir minha irmã e tomar "cascudos" por isso, lembro de usar as coisas do meu irmão e de pedir para ele passar as fases no video game.
Lembro de mais coisas, como várias configurações de quarto, de brigas por quem ficava com o controle da TV ou de quem era a vez no computador, abraços, discussões, brigas, declarações e aceitação. Irmão a gente aceita e ama, mas enche o saco também né?
Aos 16, meu pai, que já tinha se mudado, me informou que eu teria uma irmã, não foi fácil. Nós temos esse reflexo de recusar aquilo que não entendemos direito. Mas passou quando a Bibi veio em um hospital da Avenida Paulista, chegou linda chorando forte. Me emociono só de lembrar, junto com ela nascia uma outra irmã mais velha: eu. Esse sentimento de amar tanto que quer proteger é o mais bonito que eu conheço.
Todos os dias quando eu chego em casa eu sinto falta dos meus irmãos das nossas conversas, das piadas, de implicar e fingir que não ligo. Mas eu ligo sim.
Meus irmãos tem filhas. Lindas. Amáveis. Eu sou titia e o amor duplicou.
Obrigada por me aceitar, por carregar o mesmo sobrenome e a mesma bagagem familiar que eu.
Eu amo muito vocês, ainda bem que o dia do irmão não é todo dia porque quem aguenta né? haha Mas feliz dia do irmão.



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

29.08.2016 visibilidade lésbica

Deram, finalmente, a vez dela de falar, depois de meses com a mão estendida eles lhe deram a vez.
Não ouvi as panelas, nem os gritos covardes de "puta" a luz não piscou e a televisão, essa nem noticiou.
O discurso foi bonito. Sabe quando a gente perde e tira uma lição das coisas? É mais que isso.
Não foi a primeira nem a última vez que a gente perdeu a democracia.
Nesse dia triste eu, que já sinto fisicamente o peso da vida nos ombros, aproveito para sorrir enquanto as lágrimas cismam em cair, quem sabe assim eu entendo com sentimentos como funciona um arco-íris.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Agosto.

Vivo agosto a contragosto
com ajuda do capuz escondo meu rosto
é tudo tão doloroso quando a gente sai de casa.
Nem preciso sair. Nem quero.
É só usar o facebook, ou passar vinte minutos das manhãs vendo snaps. Pronto, já sei que não quero ir, não quero sair.
Meu quarto é uma passagem secreta para tudo que vive dentro de mim.
Eu tentei pintar por cima, mas ainda lembro do seu sorriso deitada na metade do meu travesseiro me olhando enquanto eu reclamava que você dormia demais.
E todas essas noites que me falta sono eu lembro que gosto de sonhar com o "pra sempre"
Até que hoje, meio adulta, eu descobri que tem pra sempre que dura segundos, tipo os sorrisos que a gente recebe de quem a gente ama.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Com você eu sabia amar a vida, escondido.

Sei lá o que eu tenho pra dizer das paixões que eu largo por aí.
Meus amigos estão sempre comigo mesmo que algumas vezes nossas mãos não se alcancem.
A gente concorda que a vida é uma merda e gargalhamos juntos de algum meme idiota.
Até o discordar vira piada, todos os apelidos e piadas internas que a gente externa. O abraço que se alcança mesmo de longe. O pessimismo compartilhado e o irritante otimismo de alguns.
Nosso amor acanhado, mas presente. A vida coloca todo mundo que precisa colocar para a gente no caminho. Mesmo que alguns se vão. E, olha só, alguns vão mesmo. Mesmo que tenha ido morar longe ou que esqueça de te responder com frequência. Amigo não pergunta "tudo bem?" pergunta "como você tá?"
Amigo relaciona suas atitudes ao seu signo o tempo todo e te xinga. Amigo tem passe-livre para os melhores e piores momentos da vida.
Cantar alto na janela do carro, comer brigadeiro de colher, beber do mesmo copo, pedir um pedaço, falar sobre outras pessoas, mostrar uma foto, fazer umas fotos, deitar no colo, pedir cafuné, dar um tapa na testa e rir quando a gente cai, mas só depois que ajuda a levantar.  
Enquanto a maioria passa, quem tem que ficar, fica ou volta.
Amigo é aquela pessoa que você já segurou os cabelos, já viu beijar na boca, já viu quase morrer de chorar ou doer a barriga de rir.
Até descobrir, quando seu amigo estiver fazendo algo que ele sempre faz, que trata-se de amor.
Amor puro, livre que carrega e cabe muita coisa.

Receita

congelei minha idade
deve ser por isso que o segurança
pediu minha identidade.

esqueci o dia e fiquei no forno, assei.
deixa assar.

e passar.

amanhã eu passo seu café.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Eu quero só querer e nunca precisar

Quero sua atenção já naquela cena inicial do filme, antes de entrar o nome e a música tema.
Te fazer sorrir e sentir uma quentura no rosto antes de ler meu nome quando seu celular apitar no meio da madrugada.
Sabe aquele livro que a gente já se apaixona na orelha? então quero você arrepiada antes de eu chegar nas suas orelhas, só com o ar das minhas palavras.
Te viciar na melodia da minha música antes que eu comece a te cantar.
Eu quero ser aquele cheiro de café que a gente experimenta antes do gosto.
Por fim, eu só quero ser o título desse texto de modo que te faça querer me ler.


quinta-feira, 30 de junho de 2016

Junho

Eu quero viver o suficiente para querer morrer.
Que apesar desses desencontros que eu guardo no bolso do coração, eu tenho também um futuro escuro. Ligue os pontos, mas não em ordem numérica. Tem incontáveis possibilidades no universo, nas estrelas já vividas e no espaço que a gente não ocupa.
Derrotas, putz! Profundas, mergulhos doloridos em pessoas rasas.
Que apesar desse presente de raros encontros, tem aquele livro saindo de mim todo inspirado no que a gente viveu.
Ah como você doeu, mas trouxe tanta coisa aproveitável no seu caminho sem volta.
Não se esquece que eu ainda te ouço pelo meu caminho sem rota.
E eu conto nossa história, como quem fala sobre perfeição.
Nesse mês, que é tão seu, não poderia te deixar pelo caminho.
Tem seu cantinho aqui.
É tão estranho não precisar me chamar nunca mais, né?
Eu também não olharia pra trás se você me chamasse.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Marley e eu

Sábado você acredita que eu chorei com uma comédia?
É que o final é tão triste, todo final tem lá seu apelo né.
Todo final arrepia o pelo.
Que rima horrível, um horror terror de querer abraçar quem se encosta.
Às vezes a gente abraça quem está mais perto, mas a cabeça, ah a cabeça tá lá longe naquele abraço que a gente encaixa até o fim do braço.
Tem muito drama que me faz rir, de nervoso, do mocinho ansioso ou da grande identificação com quem sofre.
E o cinema se faz grande quando mostra as dores, todo mundo chorando e tentando esconder o choro.
Gênero é mentira, se a arte imita a vida, meu filme é drama-aterrorizante-de-comédia-quase-romântica.
E a mocinha, que não é mocinha, ainda nem sabe o que tá acontecendo.
Faz um tempo eu não acredito mais em gêneros.
Agora nem mais os dos filmes.


PS: não matem os cachorros.

terça-feira, 14 de junho de 2016

sobre nossos dias contados

já dizia Los Hermanos (minha banda favorita)
todo carnaval
tem seu (nosso)
fim

terça-feira, 7 de junho de 2016

8 anos de blog
mais velha mas não mais esperta

domingo, 5 de junho de 2016

"Desculpa meu jeito, meu mal jeito, falta de jeito"

Eu te falei tantas vezes mas acho que você deixou passar.
Eu te falei que você, desde o carnaval, se faz presente na minha hora de dormir, nos dias de folia eu sentia falta do seu corpo ao deitar, nos dias que você não falou comigo eu acordava com o seu nome martelando na minha cabeça. Parece que todas as vezes que eu te via eu me apaixonava, mas paixão não fica e a gente não deixou virar amor.
Eu poderia te endereçar todas as frases que eu amo do Caio Fernando Abreu, uma dessas pessoas que eu estudo quando quero aprender sobre a dor de ver as pessoas se esvaziando da gente. Escorreu toda Ana que tinha em você naquele dia de chuva que a gente não pegou.
Tivemos nosso tempo, mas eu chorei por tudo que passou pela gente por tudo que a gente subiu e depois desceu. Por tudo que não conseguimos subir nem se ver.  Pelos seus olhos pequenos que eu vou perder de vista. Por aquele dia no metrô que eu te olhei e percebi o quanto eu já te queria para mim. Por todo charme na sua voz e o jeito que você passava a palma da mão nos meus ombros.
E também aquele dia no bar que eu deitei no seu ombro e te ouvi falar lindamente sobre política.
Que grande dificuldade essa minha de deixar pessoas que eu admiro.
Eu te falei tantas vezes que não dava mas esqueci de falar para mim.
Como nos nossos dias eu sigo para o lado oposto do metrô, já que você não vai mais deixar os trens passarem para ficar mais tempo comigo na plataforma sem saber para onde ir como-eu-sou.


terça-feira, 31 de maio de 2016

maio quase junho

Entre tantos, meu vício é insistir na impossível missão de escrever o que eu sinto. E eu sinto muito.
Tudo absurdamente biográfico.
Já me emprestaram dores, mas eu tenho o suficiente pra escrever mês a mês como eu me sinto. E eu sinto muito.
Um dia eu morro de tanto viver as coisas na raiz.
E eu prefiro escrever tudo por aqui para não deixar as pessoas que gostam de mim tão desamparadas com a falta que talvez eu faça. Sinto muito por isso.
Eu me preparo todos os dias para morrer.
Essa semana todo mundo escreveu pelo mesmo caso. Eu chorei quando minha mãe me contou eu sinto tanto. A dor do mundo me faz pequena e o mar está longe demais dos meus olhos.
Eu me deparo todos os dias com o viver.
Um dia eu morro de tudo que vivo.
Será que eu aprendo mais na ausência?
Eu comprei uma lua, coloquei na parede do meu quarto. Ela brilha no escuro enquanto eu apago e, sabe, será que um dia eu não acordo com a claridade?

nesse frio
nosso trato
uma ideia mansa me acoberta
você sendo minha
coberta

terça-feira, 17 de maio de 2016

17 de maio

Hoje é dia mundial contra Homofobia.
Eu nunca fiz relatos escritos por aqui, mas pelos meus textos dá para saber que eu sou homossexual ou lésbica como eu prefiro dizer. E não é por isso que eu tento todos os dias me livrar e desconstruir cada preconceito dentro de mim sobre tudo não só sobre isso. Tem muito homossexual carregado de preconceito até contra si mesmo.
Minha família foi crescendo comigo eu nunca precisei pedir permissão para ser algo que eu simplesmente sou. Imagino que deve ser dolorido demais viver dentro de casa sem se sentir em um lar.
Meus amigos continuaram meus amigos e os que foram chegando sabiam exatamente com quem estavam se relacionando e eu tenho muito orgulho de desconstruir muita coisa na cabeça de alguns deles.
Já tive momentos na vida que reproduzi a frase "se eu pudesse escolher seria hetero é tudo tão mais fácil" mas o crescimento e a percepção me fez reparar que eu só sou o que sou por causa de tudo isso.
E eu não trocaria nenhuma das mulheres que eu me relacionei. Eu não trocaria nenhuma experiência de amor. Se eu pudesse escolher eu seria exatamente o que eu sou.
Eu não trocaria nem as paixões que eu tive por meninas heterossexuais que não importa o que eu faça nunca ficariam comigo. Eu sou parte de um todo.
E estou muito emocionada de escrever isso.
Me desculpe se aqui não tem um relato de sofrimento de não aceitação, é que eu sempre me aceitei tão bem e minha mãe que poderia ter escrito o texto "Sim. Eu gostaria que meu filho fosse homossexual"
Eu só quero que mais pessoas não precisem sair do armário como eu nunca precisei. Que elas só sejam elas.
Muito obrigada aos meus pais, meus irmãos, minhas tias e meus primos.
Só o amor derruba a violência.

Maio

Ontem eu vi umas fotos suas e você se fez constante na minha cabeça de novo. 
Fazia tempo que eu não via seu sorriso com dentes firmes e olhos grandes de jabuticaba. Me lembrei de você do nosso encaixe que já não se encaixa mais. Eu não gosto de voltar em você porque tudo fica maior e mais vazio. 
Minha cama dobra de tamanho e o dia se faz maior. 
Nada te preenche.
Você é tipo aquele livro que eu leio mais de uma vez e preencho as bordas com lembranças, ressalvas e algumas lágrimas. Livro que eu guardo no fundo da estante para não lembrar só de olhar, mas que eu nunca me esqueço de lembrar.
Você é o que sempre fica enquanto todo mundo passa.
Meu pedaço de pra sempre nosso adeus é linearmente dolorido.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

abril

Em certos momentos eu cabulo vida.
Esqueço que tenho que prestar atenção em alguém que sabe, por experiência, mais do que eu.
Tem dias que eu só quero "me demorar" sentada no chão com os meus amigos.
Sorrir sem preocupação de perder aula e de perder qualquer coisa também, porque perder é tão necessariamente difícil que gente fica querendo reconquistar tudo sempre. E tudo sempre é muita coisa.
e se, agora, alguém me pedisse para entrar eu cabularia a vida.

terça-feira, 29 de março de 2016

Março maço gasto

Acho que alguém gritou Luisa, mas eu não olhei é que ninguém me chama assim há tempos. Eu sempre quis esquecer que posso ser duas pessoas.
É a fina febre da saudade, eu lembro que quando você se emburrava comigo me chamava assim e mesmo que hoje sua voz não me venha todos os dias tem dias que ela dá as caras e chega lá no coração como pancada de uma vez só. Plau!
Fina febre da saudade, dos que amam demais dos que amaram tantamente. Tanta mente.
Sou pobre coitada sem ou com você e todas essas garotas que eu me apaixono só me faz intensificar o medo de ficar lá no fundo do mar como você me deixou por alguns anos, como você me deixou?
Eu não quero mais ser Luisa, não quero mais ser o que eu era quando fui muito feliz minha felicidade vem de outras fontes mas Luisa é tão boba.
Luisa é minha parte que ama, Luisa ri mesmo quando não tem mais graça e chora sem ninguém por perto. Quero Luisa para acordar mais tarde, apontar o caminho de casa e rir até acabar o ar.

Luisa para amar como antigamente. Antiga mente. Quando esse amor já for antigo demais.

Luisa vai fazer 25 anos semana que vem, não te ama mais na mente e vive o luto de outros fins.

sábado, 12 de março de 2016

Março

O que separa a gente da vida de criança a vida de adulto não é maturidade, não é idade nem tudo isso que todo mundo diz, o que coloca a gente nessa categoria adulta é percepção. Quando a gente para diante de uma situação e pensa "pqp por que eu to vivendo isso?" e também quando a gente percebe que aquilo que a gente tá vivendo acontece com todo mundo o tempo todo. Crescer é perceber aos poucos que a gente não é especial não é, com toda licença aos memes, diferentão. Tá todo mundo no mesmo barco que quando você cresce afunda e te joga no mar até você aprender a viver como a maré e desaprender e mudar e sei-lá-mais-o-que.
"Calma" ninguém consegue ter o tempo todo por isso ela faz toda a diferença quando aparece, mas eu não sei me acalmar demais porque dá sono.
Minha montanha russa é brasileira. Tá toda bagunçada e meu trilho sobe sem saber descer e desce só para aprender a subir.
Eu sou sim maré viva como diz na música e tudo que a gente vive tem seus motivos. E hoje eu acordei percebendo que eu ainda vou me ralar muito na areia, seja com garotas do litoral seja com as garotas da cidade. As ondas são quase círculos abertos.
E de quase eu entendo bem.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Fevereiro

Eu tô por perto para resolver tudo que ainda não foi resolvido, para sentir você segurar minhas mãos já sabendo como eu gosto que elas sejam seguradas. Poucas me seguraram tão forte como você, e eu prefiro não acreditar que é só sobre o seu signo que exala poder. E sobre poder, será que eu posso?
Posso só ficar perto? Posso só te endereçar linhas e linhas de textos que ninguém vai ler? Será que eu posso ficar com você?
Eu tô aqui para deixar entrar sol na sua vida porque ele clareia a minha, para tirar tudo que te dói até que você me faça doer mesmo sem querer. Para te deixar mais leve, te fazer respirar mais vezes ao dia, mas eu prometo que não deixo você ser uma-boba-alegre que nem eu que sorri o tempo todo pra você. Se eu puder te faço esquecer por alguns segundos o peso dos ombros e tudo que faz seus olhos ficarem menores.
Eu penso todos os dias  em como encontrar nosso encaixe, nosso alinhamento de peças diferentes para encaixar uma na outra.
Desde que você chegou feito carnaval meu coração solar só quis vestir sua fantasia.
Eu vim só para deixar você me fazer bem, será que eu posso?


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Único a perder

A vida inteira foram me ensinando que não existe pra sempre.

Aos 6 meu primo foi morar em outro estado levando meu coração ainda pequeno e meu melhor amigo dentro de um avião.

Aos 10 meus pais me ensinaram que casamento não era pra sempre e mesmo sem sentir acabei sentindo um rompimento que nem era meu.

Aos 14 muitos amigos foram embora da escola e a gente descobriu junto que não era pra "sempre Oitava B". Senti com o passar dos anos como giz que apaga sozinho das lousas.

Aos 17 quem acabou toda foi a escola me jogando para um ciclo e levando tudo que eu tinha de seguro.

Aos 21 meu irmão foi embora de casa levando o colo mais altruísta que eu conhecia.

Aos 23 o amor que eu acreditei ser da minha vida me deixou em uma estação de metrô com um coração despedaçado e várias mensagens de "te amo pra sempre" no meu celular.

E aos 25 quem é que vai acabar comigo?


(texto baseado nesse post https://www.facebook.com/rvitorelo/photos/a.572376252871872.1073741828.571588222950675/808155242627304/?type=3&theater)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Janeiro

Garotas do litoral são, definitivamente, meu ponto fraco.
O verão chega antes mas só se faz percepção em Janeiro, assim como elas chegam para mim, quase que não chega, mas se instala, descasca feito minha pele com queimaduras de sol.
Eu chego devagar no mar, deixo primeiro molhar meus pés e fico desviando das ondas que podem molhar o resto do corpo, até que eu me distraio entre conversas e um universo de bandas em comum e as as ondas chegam forte molhando e me tomando mais do que eu queria. Aquela sensação parece boa e eu decido me molhar inteira, mergulhar no horizonte tão sedutor quanto os olhos delas.
Mas o mar é traiçoeiro e ao mesmo tempo que te leva, te expulsa no próximo segundo e te larga na areia onde você nem deveria ter saído.
Então você espera que o sol te mostre o caminho para secar mesmo que a areia grude no seu corpo.
Até que o vento te mostra o caminho de volta para o interior onde você sonha com o litoral, o horizonte e a sedução.
Acorda
e
pensa

Esse mar do Rio sempre foi gelado demais para eu aguentar ficar.