domingo, 5 de junho de 2016

"Desculpa meu jeito, meu mal jeito, falta de jeito"

Eu te falei tantas vezes mas acho que você deixou passar.
Eu te falei que você, desde o carnaval, se faz presente na minha hora de dormir, nos dias de folia eu sentia falta do seu corpo ao deitar, nos dias que você não falou comigo eu acordava com o seu nome martelando na minha cabeça. Parece que todas as vezes que eu te via eu me apaixonava, mas paixão não fica e a gente não deixou virar amor.
Eu poderia te endereçar todas as frases que eu amo do Caio Fernando Abreu, uma dessas pessoas que eu estudo quando quero aprender sobre a dor de ver as pessoas se esvaziando da gente. Escorreu toda Ana que tinha em você naquele dia de chuva que a gente não pegou.
Tivemos nosso tempo, mas eu chorei por tudo que passou pela gente por tudo que a gente subiu e depois desceu. Por tudo que não conseguimos subir nem se ver.  Pelos seus olhos pequenos que eu vou perder de vista. Por aquele dia no metrô que eu te olhei e percebi o quanto eu já te queria para mim. Por todo charme na sua voz e o jeito que você passava a palma da mão nos meus ombros.
E também aquele dia no bar que eu deitei no seu ombro e te ouvi falar lindamente sobre política.
Que grande dificuldade essa minha de deixar pessoas que eu admiro.
Eu te falei tantas vezes que não dava mas esqueci de falar para mim.
Como nos nossos dias eu sigo para o lado oposto do metrô, já que você não vai mais deixar os trens passarem para ficar mais tempo comigo na plataforma sem saber para onde ir como-eu-sou.