domingo, 20 de dezembro de 2015

Dezembro

No primeiro gole de cerveja dessa semana, que fez muito calor, o líquido mergulhou e eu senti ele entrar por dentro, senti molhando meus órgãos diferente do molhado que guardo no meio das pernas quando aquela garota quase me beija. Quase tudo sempre. O quase é pior do que o acontecimento, porque ninguém esquece o quase.
Foi quase, meu quase amor.
A gente chegou tão perto de se cuidar que se descuidou.
Me mergulhei  de cabeça no claro dos seus olhos como quem mergulha em águas claras sem saber que elas também guardam coisas que machucam. É que até o transparente, o claro e o sincero machuca.
No último gole de cerveja dessa semana, que choveu muito no sábado, meu corpo já se sentia exausto e eu me perguntava aqui dentro "será que eu consigo te esquecer?"
Esse ano quase que não teve amigo, mas teve quase amor secreto.