quinta-feira, 23 de julho de 2015

Tem mais que eu

A Ana tinha muitos sonhos sem saber que eram sonhos, sem saber que seus desejos eram quase todos utópicos, achava estranho que as coisas chegavam até seu coração mas não eram palpáveis na mão (e rimava de propósito). Tipo gostar de coisas que nunca seriam dela, de lugares que ela não poderia ficar e momentos que ela esqueceria quando outros viessem.
Ana não sabe lidar com o fim das coisas, mas o que ela sabe menos ainda é lidar com o fim do que não são coisas. Confuso, mas real, porque o fim não é só o fim é todo processo que a gente precisa entender antes de superar e saber lidar.
A Ana nunca projetou o futuro, não faz a mínima ideia de como estará daqui dez anos e não quer saber, seu sonho não é palpável, seu toque não é descartável e sua rima é fácil, feito amor e dor.
De vez em quando a Ana acha que consegue fazer coisas que ela percebe que não consegue e desisti no meio, é que não tem problema largar as coisas se você não projeta o final delas.
De tudo isso e mais muita coisa o maior problema da Ana são as expectativas. Como ela espera que o mundo seja, e tudo se torna, sonho, utópico, como quando ela para por horas e fica encarando as estrelas de mentira que brilham no teto do quarto desde que ela era criança. Tem um mundo inteiro nas suas viagens, que ela chama de "brisa".
A Ana cresce quando todos esses sonhos viram expectativas mal sucedidas, quando ela tem que entender o motivo daquilo acabar e o processo para aceitar esse fim. Quando ela olha pro teto e nem as estrelas de mentira acalmam a escuridão do mundo real. E isso acontece sem projeção, com muito medo, falta de experiência e pessoas boas por perto, gente que ama a Ana, que tem carinho por ela.  Muita gente fala que não sabe por quê mas gosta dela, deve ser um carisma estranho e meio reverso, já que a Ana é meio tímida tem vergonha de se aproximar das pessoas.
A Ana ama escrever, mesmo sem saber e ela só quer que as pessoas se amem, amém.