segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Dezembro

Último respiro do ano e toma fôlego, menina.
Coloca aquele sorriso lindo no rosto, deixa a maré subir, o mar te cobrir a cabeça e os amigos por perto te assistindo da areia.
Vamos inventar um bate-volta de última hora, como eu penso em você as vezes, volta e bate, depois me bate e depois eu volto para a realidade.
Vamos pegar jacaré com fé na onda do mundo que bagunça tudo, mas te devolve pra areia.
Vamos aproveitar o verão mergulhando de cabeça na piscina, nas coisas e nas pessoas.
Vamos comer até passar mal e no outro dia não comer nada e beber até passar mal e no outro dia dormir e/ou transar o dia todo e no outro dia ficar com a família e os amigos porque essas são as melhores coisas (que como dizem não são coisas) da vida.
Solta esse balão para o mundo, balão de 2014 que encheu tanta coisa e esvaziou outras, estourou, fez barulho e me deixou voar.
Os dias serviram só pra me separar de qualquer projeção, a gente aprende a lidar com a solidão que é viver sem apenas uma pessoa. E vive, mais que isso, sobrevive.
Sobre viver: eu quero muito.
Parece que esse ano eu entendi realmente a frase "é tão bom morrer de amor e continuar vivendo"
Dezembro é o mês do fim, só não do desapego porque no último mês tá todo mundo tão desgastado que só quer que o ano acabe, como as relações, o acabado não sabe como é bom pra quem acaba.
2015 eu só quero tirar bastante foto do mundo, das pessoas, dos sorrisos e o resto eu nem tô preparada, acho que eu nem acredito em preparação.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

herança

Eu tirei umas fotos da família esse final de semana e fiquei pensando, será que meus primos vão procurar meu Instagram como eu procuro os álbuns de família?
E meus sobrinhos será que vão fuçar meus perfis como eu fuçava as caixas das minhas tias procurando algum retrato? 
Ou como eu procuro na gaveta mais funda da minha mãe pelas fotos dela e do meu pai quando eles ainda se amavam? 
Nossos  filhos vão procurar nosso Insta e ver o dia que a gente passou a tarde no parque tocando uma viola sem saber que a gente tinha fumado o que a gente não quer que eles fumem. Ou aquelas selfies que eu deveria olhar para a câmera, mas não conseguia tirar os olhos de você.
E nossas cartas de amor serão as declarações feitas por email quando a gente agradecia só pela existência uma da outra, e eles vão acabar vendo como eu amei outras pessoas antes de te encontrar e ver que as mães também sofrem de amor. E que essas coisas doem em todo mundo mesmo. É normal. 

Normal também ver a gente carregando uma lata de cerveja na mão com os olhos caídos e que "não, a gente não é careta desde sempre". 
Talvez eles vejam alguns daquelas vídeos em que eu canto músicas só pensando em você no meu canal do youtube.
Ou os vídeos em que eu gargalhava de rir com os melhores amigos e jurava amor eterno. Amor pleno de amigo, que não se conquista, se encontra, o amor entre amigos nada mais é que o encontro. O acaso que o universo se encarrega de "fazer acontecer" uma hora ou outra.
E vão saber que já terminaram comigo pelo WhatsApp um aplicativo moda da segunda década dos anos 2000.
Minha irmã mais nova vai ver como eu adorava fazer vídeos dela só pra ouvir ela falar bonitinho e vai achar um puta mico tipo aquela foto neném no banheiro que todo mundo deve ter.
Minhas sobrinhas verão que a gente também gosta de putaria quando descobrir nosso tumblr. E vão sentir repulsa, porque os adultos familiares não podem pensar besteira, é estranho. Mas a gente vai explicar que já foi jovem e talvez em algum lugar ainda seja.
E o mais importante é que, não importa como, tudo isso é amor. 
Amor da gente, amor só por viver, isso que a gente carrega quando tá vivo. E talvez eles entendam que só o que a gente quer é o bem deles sempre, mas que as coisas tem que ser vividas e, muitas vezes, doloridas. Do sempre para sempre. 
E nosso pra sempre vai tá aqui registrado e computado dentro da rede. 
A gente ama o movimento, o espaço, a roda, o gingado...




e você? o que você ama?







segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Reparei no céu da boca, só porque tinha um céu pra mim.

Encontrei paixão em um beijo, assim do mesmo jeito que a gente tem dificuldade para controlar um bocejo. Do mesmo jeito, mas diferente. No meu corpo era como se eu sentisse uma corrente,
algo que quisesse me puxar pra dentro daquele corpo. Impulso, muito desejo.
Naquele momento eu juraria muitas coisas, não era preciso pensar no dia seguinte.
Era um infinito naqueles olhos que já me viram, mas agora me enxergavam.
Um amigo me disse que quando a gente deseja alguém com verdade, naquele momento aquela pessoa é o amor da sua vida eu questionei sobre a gente saber que não é e ele disse, "vai que você morre amanhã? Então foi". Não sei se acredito nisso, mas se eu morresse depois daquilo, com certeza seria feliz, e de que vale o amor ou a paixão se em determinado momento não te trouxer satisfação?