quarta-feira, 30 de junho de 2010

Fôlego.

Foi a última vez e talvez a mais forte das vezes que eu segurei a sua mão.Te puxei para mim e depois de um beijo disse olhando nos seus olhos “Vem comigo!”.Você não quis.Eu sei que dessa vez seria para sempre.Eu senti que dessa vez eu iria segurar para sempre suas mãos.


Não, eu não posso ficar. Você sabe que o amor anda com o vento.Nesse vai e vem que bate no rosto e levanta os cabelos.Mas o vento muda de lado, oposto, exposto, transposto.Eu preciso seguir em frente.Preciso entrar nessa vida nova, e você não vem porque não quer.Mas não fica me pedindo para ficar.Essa nossa vida só tem gosto daquilo que a gente provar.

O que vale então todas essas praias, essas pessoas interessantes espalhadas, essas vidas passadas, esse fim de tarde, essa criança aprendendo a falar, esse ônibus lotado, esse porre de ontem, esse cigarro de agora?

É preciso respirar todo esse vento feito de amor, ou todo esse amor feito de vento.Respirar.Inspirar. Nosso vento quer mudar.Nosso ar acabou por aqui, ele escapou das nossas narinas enquanto a gente se beijava.Tudo escapa.O vento. O amor. A praia. Eu. Você.

Porque se eu não respirar algo novo quem vai embora de mim, sou eu. Eu queria respirar outros ares segurando sua mão, mas você escapou no último ar que a gente respirou junto.Escapou feito o vento.Feito amor.Feito uma bola de gude.

*

Tenho que ter muito fôlego, para parar de te respirar.


3 dizeres:

Rodolfo disse...

Mano, vá tomate cru. Hoje mesmo eu escrevi vários poemas sobre brisa e ventania. Aí aparece essa pérola de comparação que você fez. Cruzes, você me deixa besta.

Anônimo disse...

Uau.

O amor é o oxigênio da alma...
Quanto a vida,
Vale a pena!

Grande abraço em ti.

Anônimo disse...

E vocÊ vai passar por cima dessa, não há nada impossível aos olhos de Deus.

um beijo!