quinta-feira, 24 de junho de 2010

Céu x Teto

Fica assim olhando para o teto, antes de dormir e quando acorda. Esse pedaço de material de construção que constrói cada pensamento da gente.O teto é uma arte abstrata e faz a gente pensar.Aposto que você já passou algum momento da sua vida olhando para o teto e pensando.
É que é tão vazio que a gente precisa preencher com alguma coisa. Passa tudo, passa o dia, a noite e eu fico assim olhando para  teto, só esperando a minha vez.
É diferente olhar para o teto e olhar para o céu.
O céu é aquela imensidão azul com contrastes brancos, as nuvens, que desenham a cada segundo para gente viajar nessa viagem que é olhar para o céu.O céu tem gostinho de infância, dia ou de noite, tem gosto de família, jeito de amor.O céu é cenário de paixão.
O céu é livre o teto prende.
No teto a gente se prende em pensamentos, no céu a gente imagina.O céu é o sonho  e o teto é o acordar. Ninguém gosta de acordar de um  sonho, seja ele ruim ou bom. E o teto é sempre a primeira coisa que a gente vê depois de um sonho. O teto é real demais, coisa construída por ser humano.O céu é o habitat do sol, ninguém sabe onde termina, nem de quem pertence.
O céu é o emocional, o teto é o racional.

*

Por isso a gente vira de lado e olha para janela antes de dormir. Para esquecer o teto e lembrar do céu.
Abre a janela e deixa o céu entrar (no seu teto).



Trecho da Nina(um livro que eu escrevo) que me inspirou.

Quando a gente olha para a pessoa que a gente gosta, sabendo que a gente gosta, a euforia toma conta de alguém que não é a gente. De um “nós” que é “eles”.Algo tão metafísico que a mesma visão aparece nos sonhos, quando se consegue dormir.Aquele ser tão perfeito a olho nu, tão real e irreal, tão ambíguo e, metaforicamente,o céu.Isso.Olhar a pessoa amada é como olhar para o céu.Aquela imensidão e azul, porque amar é azul, o começo do amor, o amor só de paixão é sempre azul, com leve gostinho de criança, gosto de algodão doce, as nuvens.A quem diga que você vive nas nuvens, porque você vive naquelas nuvens, naqueles flocos brancos que dão contraste no azul sem fim.O azul é a pessoa, assim você olha para o azul e sabe que é o branco, o mesmo branco que tampa o sol de tanto ciúmes.Que abafa aquela luz só para o azul e o branco deixando, por ciúmes, sempre por ciúmes as cores do mundo de fora do nosso amor, porque o amor é egoísta e a nuvem também.Agora é hora de acordar e dar de cara com o teto, já que a nuvem tampou o seu sol.

5 dizeres:

Priscilla Way disse...

"E o teto é sempre a primeira coisa que a gente vê depois de um sonho." É.,o teto é a realidade e o céu os sonhos.Você deu nome para as duas coisas com quem eu brigo todos os dias : sonhos x realidade.

Marcel Hartmann disse...

E o ciúmes é nuvem, e a traição pra uns é como chuva, e a morte é tempestade.

Rodolfo disse...

Você parece confusa. Ontem mesmo eu escrevi um conto, que era pra ser um relato no começo, no qual eu tenho um delírio a partir do teto. Fato é que o conto só começa realmente quando eu esqueço do teto e lembro do campinho de areia, a céu aberto. Você, além de tudo, está em sintonia comigo?

Rodolfo disse...

Ei... meu teto?

Anônimo disse...

Babei com esse texto. LINDO