terça-feira, 9 de março de 2010

Vivo seu próprio momento!

Desde que por opção (ou falta de) decidiu morar sozinho, começou a cuidar do seu jardim de flores coloridas, seu jardim de humanos mortos e transformados em flor.Ele acreditava, alias desde a infância, que as flores eram/são pessoas hidratadas pela terra, que todos morremos e servimos de material orgânico para outra vida se manifestar.Contou sua teoria aos netos, contou aos vizinhos, e ao mesmo tempo colocou plantas, flores, sementes, ... no seu quintal. Dormia com a janela aberta para sentir o cheiro da “dama da noite”, sua planta preferida, a que ele jurava amor eterno, acreditando ser aquela o amor falecido. Quando ela faleceu logo após o enterro ele se jogou no jardim, se plantou nas plantas e construiu um “santuário” do amor. Toda a noite deseja boa noite e sorri, com um sorriso maroto simbolizando a saudade traduzida no cheiro. Metodicamente cuida dos amores de sua vida, de todas as formas de amar,traduzidas, transpostas, representadas em flores. Sua religião, seu porto-seguro, sua distração. Perdeu todos que amava e passou a amar as flores. E vai assim esperando que a vida o transforme em que simbolize sua dedicação. O único temor é se transformar num cacto e machucar as plantas, de resto só quer receber e doar amor. Ele acredita no amor e talvez seja o único erro mortal (ou não).
Para os jovens ele deseja que vivam a vida, que apostem na intensidade de cada coisa de cada momento no seu tempo, pede que as pessoas tenham a calma de viver o próprio momento.Porque no final o espelho da vida será a flor de luto do futuro.

1 dizeres:

E. F. Maston disse...

Aparentemente, esse texto não aparenta ser de uma uma garota com a tua idade aparente. Mas, tenho certeza de que, as aparências enganam.
É um texto simples e muito bonito. Tu escreve de um modo que eu não consigo. Acredito não dominar esse estilo. Mas gosto de ler quem domina essa área.
É minha primeira visita, mas voltarei mais para ler os antigos e novos textos. Parabéns.