domingo, 15 de novembro de 2009

Do (pre)visível eu me privo, obrigada.

Era domingo, e domingo é assim, eu sempre acordo sabendo que posso dormir. Me diz, há coisa melhor que acordar sabendo que tem 5 minutinhos e até 5 horas pra dormir mais?
Mas estava muito calor, então eu levantei, antes de sair do quarto dei uma olhada e você dormia, sabe aquele jeito que você coloca as mãos embaixo da bochecha?
Aí eu resolvi ficar mais um pouco. Só pra olhar. E esse, você sabe, foi meu segundo erro. Eu não deveria parar minhas coisas por você, parar minhas ações por você, mas parei. E pior ainda, eu deixei aquela cama de solteiro para você, deixei você dominar nosso pequeno espaço. E sabe o que eu fiz? Observei. Mais que isso, eu te amei me roubando. Eu te amei quando observei você dormindo e roubando o meu espaço,minha reação.
A verdade fodida é que eu perdi boa parte do meu domingo te olhando aquele dia, e foi, exatamente aquele dia, que eu podia dormir mas te observei que eu tive a escolha de na segunda-feira te deixar ir e dormir até ir trabalhar ou de acordar um pouco antes do trabalho e observar você dormindo para me dar forças de ficar sem te ver o resto do dia.
Você acordou e disse "oooii", e no primeiro "o" eu já tinha feito a minha escolha.Eu já te amava.
Final de semana é pra descansar, mas eu acordei cansado na segunda-feira.Sempre acordo.Antes de ir ao banheiro olhei para cama e estava vazia, mas tinha seu cheiro.


*
Qual foi exatamente o erro? Ou quais? E que tipo de escolha te priva do amor? Na verdade essa ausência pode intensificar o amor. E se isso acontecer a culpa é sempre nossa. O problema é que as pessoas têm medo da falta de controle e o amor é a falta de controle absoluto.

1 dizeres:

Marcel Hartmann disse...

Me lembra Fernanda Young ou Caio Fernando Abreu (isso quer dizer que tá muito bom).